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Oposição argentina ensaia aliança, mas não abala Cristina

A disputa presidencial na Argentina teve um importante lance esta semana com a aproximação de dois candidatos de oposição, a deputada Elisa Carrió e o ex-ministro da Economia Ricardo Lopez Murphy. A eleição está marcada para 28 de outubro.


As chapas precisam ser definidas até o final de agosto. Mas, apesar de movimentação na oposição, da crise energética e dos recentes escândalos no governo (como a mala com US$ 790 mil), a primeira-dama, Cristina Kirchner, segue favoritíssima.



A aliança Carrió-Murphy é uma improvável combinação de uma candidata que se diz de esquerda e um ex-ministro de idéias liberais. López Murphy ficou mais conhecido quando, em 2001, às vésperas do desmoronamento financeiro do país, anunciou um corte milionário no orçamento das universidades públicas, causando a ira de estudantes e professores que foram para as ruas e o obrigaram a renunciar.



A aproximação entre Carrió e Murphy foi confirmada esta semana, embora ainda não se saiba em que bases eles vão se aliar para concorrer ao cargo de presidente. Carrió disse na última terça-feira (21) que quer escolher o vice da chapa, o que irritou a direção do partido de Murphy, o Recriar para o Crescimento (Recrear). Nem por isso agradou os partidários da deputada, afiliados ao Afirmação para uma República Igualitária (ARI), partido que ela mesma fundou, mas do qual se afastou no início deste ano para poder decidir suas novas alianças de forma independente.



Lavagna ainda é o principal adversário



A presidente do ARI, Elsa Quiroz, está preparando um convenção nacional do partido no domingo, para decidir se aceita ou não apoiar Carrió em aliança com López Murphy. Até agora, cinco políticos se lançaram como candidatos de oposição à chapa Cristina Kirchner-Julio Cobos, apoiada pelo presidente Nestor Kirchner e franca favorita. De todos, o que está mais à frente nas pesquisas e na campanha é o também ex-ministro da Economia Roberto Lavagna.



Mas nenhum deles sequer arranhou o favoritismo da esposa do presidente Kirchner. Desde que sua candidatura foi lançada, há cerca de um mês e meio, Cristina mantém estáveis 45% de intenções de votos, suficientes para ganhar a eleição em primeiro turno. Lavagna vem em segundo, com cerca de 15% a 16%; em terceiro vem Elisa Carrió, com 10%.


 


Rosendo Fraga, um dos mais respeitados analistas políticos do país, disse ao jornal “La Nación” que a união de Carrió com Lopez Murphy “vai polarizar a oposição em dois eixos, um liderado pelos novos aliados e outro por Lavagna”. Mas isso não será suficiente, segundo Fraga, para resolver o problema da oposição, que é fragmentada e não consegue empolgar os eleitores.



Fonte: Valor Econômico