Província natal de Kirchner vira pedra no sapato de Cristina
Santa Cruz (Patagônia), a província natal do presidente peronista Néstor Kirchner, da qual ele foi o governador durante 12 anos, está novamente em ebulição. Milhares de pessoas foram às ruas na última terça-feira (21), na capital, Rio Gallegos, contando c
Publicado 24/08/2007 11:27
Em 17 de agosto, um antigo funcionário público, Daniel Varizat, um assessor próximo do presidente Kirchner que estava ao volante da sua van 4×4, avançou seu veículo em alta velocidade sobre opositores políticos. Dezessete pessoas foram feridas. Cinco delas permanecem hospitalizadas até hoje, sendo uma mulher em estado grave. Varizat foi preso. O chefe da polícia, Wilfredo Roque, um homem de confiança de Néstor Kirchner, pediu demissão do cargo.
O incidente ocorreu no momento em que o presidente argentino e a sua mulher, Cristina Kirchner, candidata na eleição presidencial de 28 de outubro, estavam participando de um comício de campanha junto com o governador de Santa Cruz, Daniel Peralta. O casal Kirchner deixou precipitadamente Rio Gallegos para refugiar-se em El Calafate, o centro turístico em voga da Patagônia.
De volta a Buenos Aires, na segunda-feira, 20 de agosto, Néstor Kirchner não fez nenhuma declaração. Havia cinco meses que o casal presidencial não aparecia mais em Rio Gallegos, ao contrário do que ele costumava fazer desde a ascensão ao poder de Néstor Kirchner, em maio de 2003.
Escândalos
A situação social é explosiva na rica província petrolífera, que está tomada por greves de docentes e de funcionários que reclamam aumentos de salário. Em 12 de maio, Alicia Kirchner, a ministra do desenvolvimento social e irmã do chefe de Estado, foi agredida por várias centenas de manifestantes em Rio Gallegos. Bombardeada com ovos e farinha, socada e puxada pelos cabelos, ela escapou às pressas protegida pela polícia.
Dois dias antes, o antigo governador de Santa Cruz, Carlos Sancho, havia sido obrigado a pedir demissão depois de confrontos entre polícia e manifestantes que haviam deixado doze pessoas feridas.
O bispo de Rio Gallegos, Juan Carlos Romanin, que estava na frente da manifestação desta terça-feira, reivindicou das autoridades provinciais que elas “assumam a responsabilidade de governar” e exigiu que “a paz social seja restabelecida” em Santa Cruz.
No momento em que faltam dois meses para a eleição presidencial, esta efervescência no feudo dos Kirchner, à qual se acrescentam os escândalos de corrupção que mancham a imagem do governo, poderia complicar a candidatura de Cristina Kirchner, que até agora é considerada como vencedora no primeiro turno. Além disso, mesmo se ele ainda não foi designado, o candidato que será apoiado por Néstor Kirchner na eleição para governador de Santa Cruz, está vendo as suas chances diminuir a cada dia.
Esse fato já ocorreu na província vizinha, a Terra de Fogo, em 24 de junho, quando o candidato peronista apoiado pelo chefe do Estado foi derrotado pela candidata do partido Alternativa para uma República de Iguais (ARI, de centro-esquerda), Fabiana Rios. Aquela era a primeira vez na Argentina que uma mulher era eleita para o cargo de governador.