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Seminário reúne 200 dirigentes para debater nova central

Aproximadamente 200 dirigentes sindicais de 20 estados brasileiros estão reunidos em Brasília para debater o desenvolvimento nacional e a organização sindical. O seminário Desenvolvimento com Valorização do Trabalho e a Organização Sindical no Brasil t

O evento, que cumpre uma etapa no calendário para criação da nova central, está sendo organizado pelo Movimento Pró-central Classista e Democrática e buscará consolidar um conjunto de opiniões que vão embasar a estruturação político-ideológica da entidade.


 


O paulista Nivaldo Santana, membro da comissão organizadora da Central Sindical Classista e Democrática fala que o seminário tem o objetivo de discutir um projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho, bem como uma proposta de organização sindical. “Ele vai subsidiar a Central Classista e Democrática, que está em construção, no sentido de unificar a nossa compreensão a respeito dos dois temas. Até porque essa central classista tem uma participação plural de diferentes correntes do sindicalismo brasileiro e a realização desse seminário serve para decidir uma proposta base” explica Nivaldo.


 


“Esse movimento começa a discutir o pensamento sobre o nosso Brasil, sobre o projeto de desenvolvimento. Nós não podemos construir uma unidade sem debater essas questões, por isso a necessidade dessa mobilização dos companheiros e das companheiras, insistindo numa discussão mais profunda sobre o projeto de nação. A segunda questão é a organização sindical. Qual organização sindical nós precisamos pra fazer avançar esse projeto em nosso país? Então esses temas nós vamos debater nesses dias”, explana o coordenador Nacional da Corrente Sindical Classista (CSC) e dirigente Nacional do PCdoB, João Batista Lemos. 


 


O vice-presidente do sindicato dos sociólogos de São Paulo e um dos coordenadores do evento, Lejeune Mato Grasso Xavier de Carvalho, diz que o evento é vitorioso por si só. Segundo ele, reunir mais de 150 dirigentes sindicais de diversos segmentos do Brasil já é uma grande conquista. Afirmou ainda que será uma grande vitória a aprovação dos dois documentos principais – um sobre desenvolvimento nacional e outro sobre estruturação sindical no Brasil –, através de um debate coletivo e intenso dos dirigentes sindicais.


 


Expansão


 


O secretário nacional do PSB e coordenador da Corrente Sindicalista Socialista Brasileira (SSB), Joilson Cardoso, percebe que existe uma grande adesão por parte dos diversos setores. Ele credita isso à atual conjuntura brasileira, que, segundo ele, é especial. “Precisamos construir uma central que entenda esse momento e que possa se expressar para os trabalhadores e para sociedade brasileira, defendendo um projeto nacional e defendendo os direitos dos trabalhadores”.


 


Joilson explica que este seminário pode ser considerado uma fase para o processo de criação da nova central. Segundo afirma, outros processos virão. “Estamos defendendo uma conferência da classe trabalhadora, como também estamos defendendo o congresso da central, que vai ser um ponto importantíssimo. É onde vamos consagrar a nossa concepção sindical, o nosso programa e nossa visão sobre a conjuntura”.


 


Rural


 


O dirigente do PSB acredita que, pela grande adesão do setor rural, a nova central terá muita força no campo. “Nós temos uma grande adesão de um setor muito forte, que é o rural. Temos tido adesão de muitas Fetags importantes no Brasil. Podemos dizer que seremos a maior força no campo”.


 


Participando do movimento rural há mais de 20 anos, o deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, Heitor Schuch (PSB-RS), revela que o movimento rural em sua região já tinha feito diversos ensaios para entrar numa central sindical. O deputado fala que movimento rural questionou diversas vezes que tipo de participação eles teriam, já que grande parte deles sempre esteve excluída das decisões.


 


Justificando a atuação do grupo na nova central, o parlamentar demonstra entender que, “no Rio Grande do Sul, há espaço para fazer uma central plural, democrática, baseada na luta dos trabalhadores, que vise construir um projeto de participação de homens e mulheres, jovens e aposentados do país inteiro, respeitando as diferenças culturais e sociais, mas que tem muito a fazer por quem trabalha no Brasil, construindo a riqueza no cotidiano”.


 


Além disso, Heitor enfatiza que os rurais têm muito claro que deve existir democracia. Eles acreditam que deve haver a participação dos trabalhadores no movimento para se evitar o que tem acontecido – negociações a portas fechadas, em que se concorda com as diretrizes apontadas pelo governo.


 


Movimento


 


Durante o evento, também está sendo definido um calendário de atividades do movimento pela nova Central. Está programado para dezembro um congresso que, segundo os organizadores, deverá reunir de 800 a mil representantes sindicais. Também serão agendados encontros estaduais para formar coordenações. O coroamento desse processo será a fundação da Central Classista e Democrática, diz Nivaldo Santana.


 


Nivaldo acrescenta que os documentos extraídos nos seminários serão lançados nas plenárias estaduais. “Serão colhidas assinaturas em todos eles e a estimativa é que mais de mil presidentes de sindicatos assinem esse manifesto de apoio à criação da Central Sindical Classista e Democrática”.


 



Participação


 


O presidente da Federação de Trabalhadores das Indústrias do Paraná, Luiz Ary Gin, entende que o motivo de sua participação é igual ao de todos: a vontade de construir uma central classista e democrática. “Nossa confederação é eclética e precisa de uma central que seja adequada aos tempos de hoje, que represente, de verdade, a classe trabalhadora”.


 


Essa também é a opinião do presidente do Sindicato dos metalúrgicos de Caxias do Sul, Assis Melo. Segundo ele, a participação no evento propicia o debate em uma perspectiva atual, que é o reposiscionamento das forças, não só no campo político, mas também de forma geral. “O debate é fundamental para definir o nosso rumo no movimento sindical”.


 


Acompanhado de uma comitiva de 40 dirigentes que passaram 30 horas viajando de ônibus para participar do seminário, Idemar Antonio Martine, presidente da Federação dos Trabalhadores das Indústrias do estado de Santa Catarina, esteve em todas reuniões para formação da nova central.


 


Idemar, que representa 37 sindicatos e 250 mil trabalhadores, disse estar empolgado com o encontro. “Esperamos que surja um projeto diferente, transparente e que não se crie divisionismo. Não queremos que seja apenas uma entidade sindical refém de um partido político. Isso é fundamental. Temos que ter nossa linha e postura política.” Independente de quem seja e esteja no governo desse país, a entidade tem que estar voltada ao propósito da luta da classe trabalhadora, com o propósito de unir as diferenças e desigualdades sociais desse país, conforme acentua o dirigente. “Esse é um clamor de todo movimento sindical desse país.”


 


Palestra


 


Na abertura do seminário, quinta-feira (23), o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochman, falou sobre a realidade econômica e social Brasileira. Nesta sexta-feira (24) e no sábado (25), os participantes estarão reunidos em mesas redondas para debater os temas do seminário.



 


De Brasília
Alberto Marques