Biocombustíveis e mercado de carbono são temas em seminário sobre aquecimento global

Reserva agropecuária na Amazônia, biocombustíveis, seqüestro de carbono e políticas ambientais. Estes foram assuntos tratados hoje à tarde na Mesa “Custos e Fontes de Financiamento da Política Pública Nacio

O pesquisador Ronaldo Seroa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), defendeu a conciliação da produção de biocombustíveis, como o etanol, com a produção agropecuária e o combate ao desmatamento. Ele ressaltou que o grande problema na Amazônia é a questão da titularidade da terra e defendeu uma mudança no regime de concessão de propriedade de terras na região.


 


Seroa propôs que cerca de 50% da Amazônia sejam transformados em área de conservação e 30% em reserva agropecuária. Essas áreas seriam leiloadas para proprietários que assumam compromissos sociais e ambientais. O título de propriedade teria que estar ligado a uma certificação ambiental. Na avaliação do pesquisador essa seria uma forma de combater os desmatamentos, por fim ao trabalho escravo existente na exploração de madeira e gerar emprego.


 


Mercado de Carbono


 


O segundo expositor, Divaldo Rezende, diretor do Instituto Ecológica, disse que o mercado de carbono deu um salto em movimentação financeira de US$ 10 bilhões, em 2005, para US$ 30 bilhões, em 2006. Ele informou ainda que existem hoje 2.220 projetos no mercado limpo, dos quais 710 são relacionados a redução de emissão de carbono, sendo 230 do Brasil, que ocupa o terceiro lugar em número de projetos. O primeiro lugar é da Índia e o segundo da China.


 


Para Rezende o Brasil tem uma perspectiva de, a curto prazo, obter 260 milhões de dólares (cerca de R$ 512,2 milhões) ao ano em créditos de carbono. Ele destacou que, com esse montante, os projetos de redução de emissão de carbono estariam entre os 30 maiores produtos de exportação do País.


 


Transição


 


O debatedor da mesa, presidente residente da Arko Advice e cientista político, Murillo de Aragão, destacou que a transição de um mundo de alta emissão de carbono para um de baixa emissão trará grandes oportunidades. “A questão tributária é fundamental para penalizar a alta emissão de carbono e premiar a baixa emissão carbono”, defendeu.


 


Aragão elogiou a administração do prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, que segundo ele está envolvendo um conjunto de políticas ambientalmente corretas, que vão desde o plantio de árvores e a limitação do trânsito de veículos a medidas para reduzir as emissões de gases poluentes pelas indústrias. A atual administração da cidade quer torná-la exemplo ambiental. Para o cientista político as cidades de porte médio do Brasil também deveriam aplicar projetos abrangentes de combate às emissões de carbono.


 


Além da CAINDR, o evento foi promovido também pelas Comissões do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática e Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, três comissões temáticas do Senado a Mista Especial de Mudanças Climáticas.


 


De Brasília,
Bety Rita Ramos