RJ: Sindicato denuncia Supervia sobre a colisão de trens
O presidente do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, Vilmar dos Lemos, inspecionou o local onde ocorreu a colisão de dois dois trens na quinta (30) em Nova Iguaçu (RJ). Ele acredita que a falta de manutenção dos trilhos por parte da Supervia (
Publicado 31/08/2007 22:40
A colisão dos trens, ocorrida no dia 30, vitimou oito pessoas e deixou mais de 100 feridas. Para a Polícia Civil, que está fazendo as investigações preliminares, a causa pode ter sido falha operacional. O laudo sai em 30 dias.
“Alguns desvios estão sendo retirados pela Supervia, sendo sucateados e sofrendo canibalismo. Neste caso, a linha serrilhou, abriu, e com isso o vagão tombou. É um conjunto de problemas. A Supervia é total responsável por esse processo, que não foi falha humana, mas falha técnica. Falta de investimento”, apontou o sindicalista.
A Agetransp (Agência Reguladora dos Transportes) abriu processo regulatório específico para apurar as causas e efeitos do acidente e, encaminhou à concessionária, ofício solicitando todas as informações pertinentes ao acidente.
Em 2006, o Jornal Alerta Rio denunciou os problemas estruturais da Supervia, que, entre outros, sofria com a possibilidade do corte de luz por falta de pagamento, problema que persiste até hoje.
Para supervia, não há falhas
O presidente da Supervia, concessionária dos trens do Estado do Rio, Amin Alves Murad, disse nesta sexta (31) que a empresa está dentro dos padrões internacionais aceito para falhas em seu sistema de tráfego e que não vê “como uma possível falha de manutenção possa ter causado o acidente” entre os dois trens no Ramal de Japeri, em Nova Iguaçu. Segundo ele, desde 1998 a empresa promove a reforma dos trens e investe na troca dos dormentes e novas tecnologias para aumentar a segurança dos transportes.
Em entrevista coletiva, Murad informou que em 2007 a empresa somou um total de 1.800 falhas considerando desde as mínimas – não acionamento de uma porta ou farol apagado – às máximas, como o descarrilamento de um vagão. No ano passado, haviam sido registrado seis mil falhas, metade das de 2005. “Essa evolução mostra nosso empenho e pretendemos chegar até o fim do ano sem atingir a média internacional que é de três mil falhas”.
O presidente da Supervia informou que a aquisição de 17 novos trens possibilitou a redução do índice de falha por quilômetro rodado. Há dois anos, acontecia uma falha a cada nove mil quilômetros rodados e esse índice passou para uma falha a cada 16 mil quilômetros. Ele refutou críticas do Sindicato dos Ferroviários, dizendo que a empresa vem investindo na troca de dormentes e fazendo manutenção preventiva para evitar acidentes. Segundo ele, é precipitado sugerir qualquer causa para o acidente já que o laudo da perícia da empresa sai em 10 dias.
Concessão garantida
O governador Sérgio Cabral descartou a possibilidade de a SuperVia perder a concessão de serviços ferroviários no estado em razão do acidente em Austin, Nova Iguaçu. A afirmação foi feita, nesta sexta, durante a assinatura do protocolo de intenções entre o Conselho Nacional dos Procuradores Gerais (CNPG) do Ministério Público dos Estados e da União e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na Fecomércio, no Flamengo, Zona Sul do Rio.
“Há que se ter sempre a preocupação com a modernização das linhas, com os equipamentos utilizados, com a sinalização, ou seja, a tecnologia da informação a serviço desse transporte” advertiu Cabral, acrescentando que vai esperar o relatório da Secretaria de Transportes e da agência reguladora de transportes metropolitanos.
Sérgio Cabral afirmou ainda que, se ficar comprovado que a SuperVia não está cumprindo com suas obrigações, serão tomadas as medidas legais cabíveis. “É preciso evitar precipitações e discursos demagógicos”, disse o governador.
Identificação dos corpos
O Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro já identificou os corpos de seis dos oito mortos na colisão entre dois trens em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Cerca de 20 continuam internadas.
O Hospital da Posse, para onde foram levadas 30 vítimas na noite desta quinta, recebeu reforços na equipe médica e na enfermagem, além de bolsas de sangue do Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio) e do Hospital dos Servidores do Estado.
O trem carregado havia saído às 15h10 da Central do Brasil, com destino a Japeri, quando colidiu, uma hora depois, com uma composição que vinha em sentido oposto e finalizava uma manobra em um dos desvios. Foram atingidos os dois primeiros vagões do trem de passageiros, que acabou saindo dos trilhos.