7 de setembro: 24 fotos, um País e o grito de amor e luta
O desfile do Dia da Independência, realizado na manhã do dia 7 na Esplanada dos Ministérios em Brasília, levou 30 mil pessoas às ruas. Apesar de um público menor do que o desfile de 2006 – que levou 35 mil a Esplanada – o grito de amor e de luta dos brasi
Publicado 10/09/2007 18:00
A apresentação da Esquadrilha da Fumaça foi um dos principais destaques do desfile oficial. Os sete aviões modelo T-2 Tucano se apresentaram no início e no final do desfile, fazendo manobras e soltando fumaça nas cores da bandeira nacional. No encerramento, as aeronaves formaram um coração no ar.
A apresentação emocionou Clarice Soares Puga e seus dois filhos, que foram pela primeira vez ao desfile. “Eles ficaram desenhando no céu, foi bem legal. Eu vou pedir para a minha mãe para vir todo ano agora”, disse Brendo, de 11 anos.
Já os representantes de movimentos sociais concentraram-se cedo no gramado em frente à rodoviária do Plano Piloto de Brasília, de onde saíu em protesto para o 13º Grito dos Excluídos. Homens e mulheres realizaram uma marcha pela pista paralela da Esplanada dos Ministérios, no sentido contrário ao desfile cívico.
Durante a concetração do Grito e seu trajeto pessoas paravam os manifestantes para votar no 3º plebscito popular realizado no Brasil. Iniciado no dia 1º e estendido até o dia 9, o Plebiscito pela anulação do leilão da Vale espera ter colhido mais de 10 milhões de votos de todos os estados da Federação. No próximo dia 25 eles pretendem entregar ao governo, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal o resultado da consulta.
Homenagem a nossa mistura
Além da participação de militares, o desfile oficial contou com a presença de escolas e bandas da rede pública e particular do Distrito Federal. Os estudantes fizeram uma apresentação simbolizando as raças que formaram o povo brasileiro. Também participaram atletas e crianças integrantes dos programas Segundo Tempo, Vida Saudável, Bolsa Atleta e Pintando a Liberdade, além de quadrilhas juninas.
Escoltados pelos Dragões da Independência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama, Marisa Letícia, chegaram no Rolls Royce presidencial à tribuna para acompanhar o desfile. Antes, Lula passou as tropas em revista e foi executada salva de 21 tiros.
No momento da chegada de Lula à tribuna, paraquedistas do Exército desceram na Esplanada dos Ministérios. Logo depois, o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, convidado de Lula, chegou para o evento. Os moçambicanos também comemoram no mesmo dia a festa da sua Independência, embora a data oficial seja 25 de junho. Porém, no dia 7 de setembro de 1975, Moçambique e Portugal formalizaram a separação.
Urnas nas mãos e pés no chão
O lema da manifestação do 13º Grito foi “Isto não Vale: queremos participação no destino da Nação”. O protesto foi pela anulação do leilão que vendeu a Companhia Vale do Rio Doce. Questionado por mais de 107 ações na Justiça, o processo de privatização, levado a cabo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1997, enfrenta acusações de fraude e atentado ao patrimônio nacional.
Com alegorias simples, mas de forte simbologia, sem terras, moradores de rua, estudantes e trabalhadores trouxeram suas faixas e bandeiras para o desfile. Com os pés no chão e as urnas nas mãos, os manifestantes também passaram o dia colhendo votos para o plebiscito.
Os protestos reuniram 212 mil pessoas em todo País, segundo a organização do Grito. Para as líderanças, os protestos foram importante para revigorar na memória coletiva o debate sobre as privatizações e a sua relação com a soberania do País.
“Nós conseguimos trazer para a sociedade esse tema, que parecia que era uma questão já totalmente resolvida”, disse Ari Alberti, um dos coordenadores nacionais das manifestações. “Para nós, o ponto alto foi que as atividades aconteceram nos 26 estados e no Distrito Federal. O fato de você conseguir trazer para a sociedade e discutir isso de Norte a Sul e de Leste a Oeste a gente avalia como ponto positivo”, agregou.
Ineditismo encerrou desfile
Ao final do desfile cívico, Lula cumprimentou os diretores das 27 melhores escolas do Brasil – uma de cada estado e do Distrito Federal, de acordo com o Ministério da Educação. Eles acompanharam o desfile na Esplanada que destacou o tema da educação.
Mas o ineditismo ficou por conta da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) que apresentou-se pela primeira vez em Brasília, desde a sua criação, em janeiro de 1961, pelo então presidente Juscelino Kubitschek. A sinfônica fechou as comemorações do Dia da Pátria, na Esplanada dos Ministérios.
Regida pela maestrina Lígia Amadio, a OSB apresentou peças de compositores brasileiros, como Francisco Mignone, Ciro Pereira e Guerra Peixe e, acompanhada pelo pianista Arthur Moreira Lima, executou o primeiro movimento do Concerto para Piano e Orquestra do russo Piotr Tchaikovsky.
A apresentação da peça Gonzaguiana, um arranjo sinfônico de músicas do compositor Luiz Gonzaga, terminou com palmas ritmadas e deu um ponto final no 7 de setembro que sintetizou o grito de amor e luta do povo brasileiro no dia da comemoração da independência do Brasil.
Fonte: Da redação com informações da Agência Brasil