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Líder comunista português exalta Revolução Socialista de 17

O secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerônimo de Sousa, proclamou neste domingo que ''as dramáticas derrotas do socialismo e o desaparecimento da URSS'' não ''anulam'' a ''particular importância e significado'' da Revolução Socialista

''Celebra-se este ano o 90º aniversário da Revolução de Outubro, a primeira revolução socialista vitoriosa, acontecimento de capital importância na história do movimento operário e na história da Humanidade que marcou com profundíssimos sulcos a marcha do século 20 e se projeta na atualidade como fonte inesgotável de inspiração revolucionária'', afirmou Jerônimo.



Aprender ''nos erros e nos êxitos''



''A Revolução de Outubro não foi apenas um extraordinário ato de heroísmo e libertação que fez avançar a sociedade. Correspondeu a uma exigência do desenvolvimento social e marcou o início de uma nova época histórica, a época da passagem do capitalismo ao socialismo. A sua particular importância e significado residem no seu valor histórico universal'', frisou o dirigente aomunista, ao fim de três dias de Festa que reuniram cerca de 300 mil pessoas em atividades culturais, artísticas e políticas.



Para Jerônimo, ''as conquistas dos trabalhadores dos países capitalistas desenvolvidos; a contribuição decisiva na derrota do nazi-fascismo; a derrocada dos impérios coloniais; a expansão do socialismo no mundo; a derrota dos propósitos mais agressivos do imperialismo, como na Coréia ou no Vietnã – tudo isto é inseparável da Revolução de Outubro e do empreendimento de nova sociedade a que deu lugar. Realidades que as dramáticas derrotas do socialismo e o desaparecimento da URSS não anulam.''


 






''Contra sistemáticas campanhas de falsificação histórica, é necessário não apenas não esquecer mas valorizar (a Revolução de Outubro), aprendendo com as lições da experiência, nos erros e nos êxitos, retirando ensinamentos para a nossa intervenção na atualidade'', disse o dirigente do PCP.



Mudanças do capitalismo após 1917



Para Jerônimo, o sistema capitalista ''mudou muito'' nestes 90 anos, ''mas a sua natureza exploradora, opressora e agressiva não só não mudou como, perante o desaparecimento da URSS, assume traços cada vez mais carregados e perigosos''.



Ele caracterizou a conduta atual do imperialismo como ''uma violenta contra-ofensiva com o objetivo de reconquistar posições perdidas; liquidar conquistas sociais e avanços democráticos; dominar mercados e recursos; recolonizar o planeta; impor ao mundo uma nova ordem totalitária contra os trabalhadores e contra os povos''. Citou a ''espiral militarista'' que os EUA promovem na Europa e o agravamento da situação no Oriente Médio e Ásia Central, dizendo que ''é cada vez mais urgente pôr termo à escalada intervencionista'' dos EUA nessas regiões.



''Grandes esperanças'' na América Latina



Para o secretário-geral do PCP, a Festa do Avante! ''realiza-se num contexto internacional carregado de grandes perigos mas também de grandes potencialidades libertadoras. Ele destacou que ''cresce a resistência e a luta dos trabalhadores e dos povos à ofensiva do imperialismo. Por todo o mundo há forças que, como o PCP, afirmam valores e convicções, não desistem de lutar, acreditam na possibilidade de transformar a sociedade no interesse dos trabalhadores.''



Jerônimo de Sousa fez uma menção específica à realidade latino-americana: ''A evolução da situação na América Latina suscita grandes esperanças das forças progressistas de todo o mundo. Ela mostra que, mesmo no quadro de uma correlação de forças desfavorável são possíveis importantes vitórias parciais e avanços progressistas e revolucionários. Confirma com o exemplo de Cuba socialista, que resistir é já vencer e também que, numa diversidade de processos em que se destaca a Venezuela bolivariana, a soberania, a democracia e o progresso social só podem ser conquistados e defendidos com ampla participação popular, profundas transformações económicas e sociais e a opção pelo socialismo.''



''Assim somos, assim queremos ser''



Na parte do discurso dedicada a Portugal, o líder do PCP exigiu a realização de um referendo para que o povo do país se pronuncie sobre a ''incorretamente chamada 'constituição européia', que foi claramente rejeitada em 2005''. Para ele, ''a  realização de um referendo é uma exigência democrática, que consubstancia um profundo ato de soberania nacional. O povo português tem direito a pronunciar-se e decidir'', sublinhou.



O PCP lançou a partir da Festa uma ação nacional contra o desemprego, a flexigurança, a precariedade, a baixa do nível de vida e as injustiças sociais, pela dignidade no trabalho e o trabalho com direitos, sob o lema “Basta de injustiças, mudar de política para uma vida melhor”.



Jerônimo disse que ''é curioso'' ver as manchetes que atacam o partido:: “PCP ataca…”; “PCP ataca ferozmente…”; “PCP prepara ataque ao Governo”. E comentou: ''Quem anuncia um feroz ataque a direitos que são alicerces do direito do trabalho é o governo. Coitadinho do governo, vejam lá este PCP a atacá-lo, só porque aquele quer mais demissões sem justa causa, eliminar o horário de trabalho, comprometer a contratação coletiva e a liberdade sindical.'' Retrucou que ''o PCP promove a denúncia da situação e a responsabilização da política de direita, intensifica o apelo ao protesto e à luta e afirma a necessidade e possibilidade de um caminho de ruptura com a política de direita e da construção de uma alternativa para um país mais desenvolvido e mais justo''.



''Assim somos, assim queremos ser, assim lutamos e lutaremos nestes tempos de resistência, transformação e avanço. Assim somos com um ideal, um projecto e um Partido inigualáveis. O ideal porque vale a pena lutar, o projecto que vale a pena apoiar, o Partido a que dá orgulho pertencer. Não nos resignamos, não nos conformamos e não desistimos. Queremos um país mais desenvolvido e mais justo, um Portugal com futuro. Havemos de construí-lo'', afirmou o dirigente comunista.



Clique aqui para ver a íntegra do discurso: http://www.pcp.pt