Perpétua lança passaporte GLBT
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 14% da população brasileira é formada por homossexuais. No entanto a estatística não faz além de iluminar uma área, cujos números reais estão muito
Publicado 10/09/2007 00:52 | Editado 04/03/2020 16:10
Mesmo porque apesar das insistentes campanhas, muitos não assumem publicamente sua orientação sexual. Os motivos para isso, ainda estão encostados nas nossas portas. Só em 1973, portanto há apenas 34 anos, o Manual de Diagnósticos e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM), retirou a homossexualidade de seu quadro de distúrbios. E, só a partir de 1991, 16 anos atrás, a Organização Mundial de Saúde passou a desconsiderar a homossexualidade como doença.
Ainda hoje com todos os avanços, visibilidade e estudos que comprovam que ser homo ou hetero não é uma opção, os homossexuais sofrem muito mais que outras categorias, com a discriminação e o preconceito. Tanto que estudo realizado nos Estados Unidos dá conta que o índice de suicídios entre adolescentes homossexuais é 3 vezes maior que entre os hetero.
Segundo os filósofos, o preconceito é causado pela ignorância; isto é, o não conhecimento do outro que é diferente. É uma forma de autoritarismo social de uma sociedade doente, o que leva à marginalização e à violência.
Pode ser provocado pelo medo, falta de coragem de conhecer o que é diferente de nós. Portanto, o preconceito dificulta o combate a violência.
“Por isso, não basta legislar para tornar cada vez mais eficaz o ordenamento jurídico. É preciso punir os crimes praticados contra os homossexuais, denunciar a impunidade, mas também atuar no fomento de ações afirmativas. É preciso educar todo o mundo, nossas polícias, nossos funcionários públicos, nossos taxistas, nossos estudantes e professores para o respeito. Nosso passaporte de uma certa forma faz isso. Ensina como se proteger; onde buscar ajuda; como denunciar. É um passaporte para a cidadania, afinal direitos gays, são direitos humanos”, explicou a deputada Perpétua Almeida (PCdoB), que lança o Passaporte GLBT, nesta sexta-feira dia 14 de setembro, às 11 horas da manhã no Teatro Hélio Melo.
O passaporte foi produzido com o objetivo de facilitar a busca de orientações e direitos a todos os acreanos. E, traz uma singela homenagem àqueles que como Francisco Dantas foram vítimas da violência provocada pelo preconceito.
Respeitar as diferenças significa amar ao próximo, conviver com todos os indivíduos de forma harmoniosa. E para isso é fundamental reconhecer as diferenças que há entre os seres.
“Lembro de uma história de criança, quando um triângulo chorando se queixava ao maestro de que o piano, instrumento que se julgava o mais importante da orquestra, o estava ofendendo, por não possuir múltiplas notas. Ao que o maestro respondeu: “ Todos somos importantes numa orquestra, do piano ao triângulo. É a diversidade que gera a beleza. Imagine uma orquestra formada tão somente por violinos….”
“Assim é a raça humana. Assim é o mundo. Não podemos obrigar coelhos voarem, mas podemos observar a beleza de sua corrida e proteger-nos uns aos outros das exigências de moldes pré-fabricados que não levam nunca à felicidade. A nossa bandeira é a da tolerância.”, disse Perpétua Almeida citando Martin Luther King:” Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes. Agora está na hora de aprendermos a viver como irmãos”.
Composto de 31 itens, o Passaporte da Cidadania GLBT traz instruções sobre proteção e autodefesa: o que fazer em caso de ataque, injúria ou insulto; o que fazer no caso de presenciar um ataque; dicas para evitar a violência de falsos garotos de programa; onde fazer exame de corpo de delito; onde realizar exames; onde procurar atendimento de saúde em Rio Branco; locais que atendem vítimas de violência; delegacias de polícia de Rio Branco; amparo previdenciário e principais projetos em andamento no Congresso Nacional.
De Rio Branco,
Angélica Paiva