117 refugiados palestinos deixam os escorpiões pelo Brasil
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) anunciou nesta terça-feira (11) que 117 refugiados palestinos que o Brasil se comprometeu a acolher começam a chegar ainda neste mês. Para os refugiados, pode ser o fim de uma longa peregrinação.
Publicado 11/09/2007 13:19
Os refugiados palestinos que o governo brasileiro se comprometeu a receber em julho viajarão devem começar a chegar ao País neste mês. A informação é do porta-voz do Acnur em Genebra, Ron Redmond. A transferência deve ser feita em três levas e se concluirá em outubro.
''Condições extremas''
Os refugiados vivem há quatro anos no campo jordaniano de Ruweished, a 60 quilômetros da fronteira iraquiana. O acampamento, no meio do deserto, possui ''condições extremas'' segundo o Acnur: mergulhado na poeira, sem nenhum lugar para ir, infestado de escorpiões.
Há 1.450 palestinos vivendo nestas condições, na fronteira da Jordânia com o Iraque. Mas eles ainda podem se considerar pessoas de sorte: outros 13 mil palestinos que viviam no Iraque quando o país foi invadido pelos Estados Unidos, em 2003, vivem ''estigmatizados, acossados, ameaçados e assassinados em Bagdá'', segundo o Acnur: não têm aonde ir, no Iraque, e sua condição de refugiados não permite que fujam do país.
Quando aconteceu a invasão americana, eles fugiram do Iraque. Tinham obtido refúgio ali depois de serem expulsos de sua terra pátria por outra ocupação militar, realizada por Israel na guerra de 1967. Agora, graças ao Acnur e às autoridades brasileiras, esses refugiados poderão iniciar uma nova vida em diversos locais de São Paulo e do Rio Grande do Sul, disse Redmond.
Acnur procura pessoal bilíngue
O Acnur se encarregará de financiar a viagem, o alojamento e a alimentação durante algum tempo, enquanto as autoridades brasileiras se comprometem a respeitar seus direitos e a procurar trabalho, o que permitirá que sejam independentes. A transferência deve se concluir em outubro.
Os palestinos são o primeiro grupo de refugiados não latino-americanos a se beneficiar dos programas de reassentamento solidário do Plano de Ação do México, assinado em 2004 e que busca oferecer soluções duradouras a essas pessoas, lembrou o porta-voz do Acnur.
O Acnur ''agradece a generosa oferta'' de acolher os refugiados. O Brasil foi o único país que se prontificou a dar a eles uma nova pátria, afora o Canadá, que aceitou receber 55 pessoas, e a Nova Zelândia, que ficará com 22 pessoas. Das 40 famílias, 22 serão assentadas em São Paulo e 18 no Rio Grande do Sul. Elas receberão uma casa de aluguel, móveis e um subsídio de 24 meses, até se aclimatarem.
O reassentamento dos refugiados inclui aulas de português e outras atividades de adaptação, a cargo de funcionários do Acnur que viajaram para a Jordânia para acompanhar os palestinos. O comissariado também está contratando pessoal bilingue em árabe e português para auxiliar ''uma integração suave dos palestinos na sociedade brasileira''. As crianças terão aulas intensivas de português para que possam freqüentar a escola brasileira já no ano letivo de 2008.
Com informações do Acnur e agência EFE