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Caso Renan: resultado da votação é totalmente imprevisível

Em entrevista à Rádio Nacional, o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, avalia que o resultado é imprevisível porque a votação é secreta. “Se o voto fosse aberto, seguramente o

A soma das bancadas que definiram votar a favor da cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e os votos declarados oficialmente por senadores são insuficientes para aprovar o pedido por quebra de decoro parlamentar. Foram 38 manifestações pela cassação até a véspera da votação, três a menos do que o número necessário de votos – 41 votos, a maioria simples do total de 81 senadores. Renan Calheiros enfrenta quatro processos movidos com base apenas em reportagens da revista Veja e é a primeira vez na história em que um presidente do Senado terá uma cassação avaliada em plenário.



Os partidos que se posicionaram pela cassação são: DEM, com 16 senadores, PSDB, com 12, e PSB com três. Juntos, somam 31, já descontados os senadores Edson Lobão (DEM), que já indicou ser contra a cassação de Renan, e João Tenório (PSDB), que é aliado do presidente do Senado. Além da decisão das bancadas, somam-se sete declarações oficiais de voto favorável à cassação: Cristovam Buarque (PDT-DF), Jefferson Péres (PDT-AM), Pedro Simon (PMDB-RS), Mão Santa (PMDB-PI), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Garibaldi Alves (PMDB-RN) e José Nery (PSOL-PA). O PT e o PMDB decidiram liberar suas bancadas para que cada senador vote conforme sua consciência.



Contudo, o resultado ainda não é certo, porque a votação é secreta e podem haver redefinições de voto até mesmo daqueles que, diamnte da pressão da grande mídia, disseram estar “decididos”. O histórico de votações mostra que nem sempre o que se anuncia publicamente se concretiza. Na eleição da presidência do Senado, em fevereiro deste ano, o PSDB e DEM, que tinham uma bancada de 30 parlamentares, não atingiram a própria meta na votação. José Agripino Maia (DEM-RN) foi derrotado com 27 votos, menos do que haviam divulgado. Por isso, o líder o PMDB, Valdir Raupp (RO), aposta que Renan seja absolvido com uma votação semelhante a da eleição da presidência, com alguma margem menor.“A oposição sempre fala que tem voto para ganhar. Aliás, os dois lados sempre falam. Até que chega a hora da votação”, disse o peemedebista.



O presidente do Senado ficou até 21h40 da noite no gabinete fazendo corpo-a-corpo com os parlamentares. Na saída, indagado pelos jornalistas se estaria tranqüilo com a votação, Renan respondeu um outra pergunta: “O que você acha? Você acha que não estou?”. Um dos últimos senadores que conversou com Renan foi o petista Eduardo Suplicy (SP) que manteve sua indecisão. Ele saiu do gabinete com um memorial preparado por Renan para sua defesa.



O memorial foi preparado ao longo do dia e seria entregue ainda ontem à noite na casa de cada um dos 80 senadores. O texto tem 13 páginas e termina com um apelo: “…um processo para decretar a minha morte política, com a aplicação da sanção de perda de mandato e a conseqüente suspensão dos meus direitos políticos por oito anos. Diante de um conjunto probatório de evidente fragilidade, permeado de equívocos, creio e espero com serenidade que optem vossas excelências pelo voto NÃO ao projeto de resolução que instrui o parecer do Conselho de Ética.”



Imprevisível



Em entrevista à Rádio Nacional, o diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, avalia que o resultado é imprevisível porque a votação é secreta. “Se o voto fosse aberto, seguramente o resultado seria pela cassação”, disse. Para Queiroz, Renan tem uma “relação de amizade muito intensa” com os senadores e caso tivesse deixado o cargo “provavelmente não teria hoje a declaração” de cerca de 35 votos contrários.



“Então, é praticamente impossível adiantar ou verificar uma tendência em relação a esses que não manifestaram seus votos ainda. Certamente estão em dúvida sincera, porque não fosse isso, já teriam feito como os outros, antecipado seu posicionamento, portanto selado a sua disputa. Ainda estão sujeitos a pressão”, disse.



Para os funcionários da Casa, “a pressão da mídia prolongou o processo até o plenário do Senado, mas numa sessão secreta vale a consciência dos parlamentares e não as pressões da mídia''.


 


De modo geral, as opiniões de fontes de vários partidos, é que o senador Renan não será cassado e nem se afastará da Presidência do Congresso. Ninguém, porém, arrisca dizer qual será o placar da votação.


 


Quem chegou mais perto de um “palpite”, foi Valdir Raupp. Segundo ele, a absolvição do presidente da Casa pode se dar por uma diferença de até nove votos. O senador admitiu que o voto secreto alimenta a dúvida e criticou os dois maiores partidos de oposição (PSDB e DEM) que, nesta terça-feira, fecharam questão pelo voto sim ao processo de perda de mandato. “Fechar questão em voto secreto? Fechar questão é quando o partido quer punir quem vota contra. O PMDB não tem esse costume”, disse.


 


Renan volta a negar renúncia ou licença


 


Eduardo Ferrão, advogado do presidente do Senado, diz que ele e o parlamentar decidiriam, em conversa telefônica na noite de ontem (11), a fórmula que será utilizada para a defesa em plenário. O processo de cassação de Renan será votado, em sessão secreta, a partir das 11h desta quarta-feira (12).


 


Nesta terça-feira, Renan disse que não existe a menor hipótese dele renunciar ao cargo ou pedir licença da Presidência. Em rápida entrevista coletiva, o presidente do Senado afirmou que “qualquer coisa que diga a respeito à licença ou renúncia não faz parte da minha personalidade, vocês sabem.”


 


Renan lembrou que tem lutado, há 120 dias, “com sofrimento, com dor, com exposição da minha família, para provar a minha verdade, para provar a minha inocência”. Por isso mesmo, observou o presidente, a renúncia estaria completamente fora de seus planos. “Não tem sentido, absolutamente nenhum sentido, que agora se faça isso. Seria um desrespeito ao Brasil e ao Senado brasileiro”, salientou.


 



Da redação,
com agências


 


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