SP registra quinta morte de trabalhador rural por exaustão
A morte do trabalhador rural Edilson de Jesus Andrade, 28 anos, por exaustão, no interior de São Paulo é o quinto caso registrado este ano e o 22º caso desde de 2004. A morte de Edilson é mais um sinal da situação de superexploração do trabalho praticado
Publicado 12/09/2007 10:21 | Editado 04/03/2020 17:19
Edilson de Jesus Andrade, 28, baiano, cortava cana desde os 17 anos. Na última quinta, ele estaria de folga, mas preferiu trabalhar para descansar no feriado. Foi a última vez que Edilson usou seu podão. No feriado, foi internado se queixando de dores e sangramentos e morreu na madrugada de ontem no Hospital São Francisco, em Ribeirão Preto (314 km de SP).
Foi a quinta morte de trabalhadores da cana neste ano no Estado e a 22ª no país desde 2004. O caso de Edilson foi incluído na investigação de mortes por suposto excesso de esforço no trabalho que a Procuradoria do Trabalho faz.
O bóia-fria era filho de cortador de cana. Seus três irmãos também cortam cana. Edilson morava em Guariba havia dez anos e nesta safra trabalhava para a usina Moreno.
O atestado de óbito aponta como causa da morte uma doença auto-imune, considerada rara. O nome: púrpura trombocitopênica idiopática. Traduzindo, por formar anticorpos que atacam as plaquetas do sangue, a doença deixa a pessoa mais suscetível a hemorragias. Médicos recomendam que o doente evite esforço físico e contato com objetos cortantes -exatamente o contrário do cotidiano de Edilson.
Segundo familiares, o bóia-fria começou a se queixar de dores fortes na cabeça e no peito há 15 dias. Na quinta-feira, chegou a cuspir sangue, segundo o pai Manoel Moreira Andrade, 51. “Na sexta, nem conseguiu levantar da cama. Quando ele foi para o hospital, à noite, sabia que não ia voltar mais.”
Outro lado
A usina Moreno, em nota, disse que Edilson não se queixou de problemas de saúde e que na última sexta foi atendido no pronto-socorro da cidade e encaminhado pela usina ao Hospital São Francisco. O hospital disse que só revelaria o quadro clínico à família.
A empresa disse, ainda, que a doença relatada é rara e não tem relação com esforços decorrentes do trabalho.
Do Vermelho-SP, com matéria do jornal Folha de São Paulo