Crise não vai interromper queda dos juros, reafirma Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta quinta-feira (13) que o fato de o Comitê de Política Monetário (Copom) ter citado os efeitos da crise internacional nas economias mundiais como um fator de “incerteza” seja uma indicação de que a taxa bási
Publicado 13/09/2007 16:05
“Não vejo nenhuma alta relevante de inflação no país. É claro que subiu um pouquinho, mas é uma alta localizada em alguns preços de alimentos. Tem também o caráter sazonal, a entressafra, que poderá ser superada com a safra que virá nos próximos dias”.
O ministro também disse que não vê a posição do Copom de aconselhar prudência nas próximas revisões dos juros como uma sinalização negativa, porque o Brasil está crescendo de forma robusta e esse crescimento não será afetado por quaisquer posições que se possam tomar na próxima reunião do comitê.
Mantega fez as declarações ao chegar para a reunião com os líderes de partidos sobre a proposta de manutenção da Contirbuição Provisória sobre a Movimentação Financeira. O relator da proposta na Câmara, deputado Antonio Palocci (PT-SP) também participa da reunião.
Ata
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinaliza, na ata da última reunião, realizada na semana passada, que a manutenção da inflação abaixo do centro da meta de 4,5% abre “espaço para juros reais menores no futuro”. Considera, porém, que a persistência de uma política monetária “cautelosa” tem sido fundamental para aumentar a probabilidade de evolução inflacionária abaixo da meta.
O documento divulgado nesta quinta-feira pelo BC adverte que para essa maior probabilidade se traduzir em resultados concretos “é preciso que os indicadores prospectivos de inflação também apresentem elementos compatíveis com o cenário benigno que tem se configurado nos últimos trimestres”, com atenção especial na evolução do consumo doméstico e na oferta agregada.
A ata diz que o Copom avaliou a possibilidade de parar o processo de redução da taxa básica de juros (Selic), em virtude do aumento de incertezas no cenário externo, provocado pela crise do mercado imobiliário norte-americano, que afetou o mercado financeiro internacional. Foi mais forte, contudo, o entendimento de que “o balanço dos riscos para a trajetória prospectiva da inflação ainda justificaria estímulo monetário adicional”.
Essa percepção fez com que os conselheiros optassem, unanimemente, pela redução da taxa em 0,25 ponto percentual, ou metade da calibragem feita nas últimas reuniões, de acordo com expectativas da maioria dos analistas de mercado que todas as semanas são consultados pelo BC sobre tendências dos principais indicadores da economia. Com isso, a taxa até então de 11,50% ao ano caiu para 11,25%, sem viés, ou seja sem possibilidade de ser alterada antes da próxima reunião.
O Copom reafirma o diagnóstico de que “além de conter as pressões inflacionárias de curto prazo”, a política monetária que já afrouxou 8,5 pontos percentuais na taxa básica de juros, de setembro de 2005 para cá, “tem contribuído de maneira importante para a consolidação de um ambiente macroeconômico favorável em horizontes mais longos”. Isso, apesar do “forte aumento da volatilidade [flutuação]” dos mercados globais, no mês passado.