Movimento sindical de Minas diz sim à Central Classista
No último final de semana, representantes de dezenas de sindicatos se reuniram em Belo Horizonte para formalizar o apoio ao Movimento Pró-Central Classista e Democrática. Durante o encontro, realizado no Sesc-Venda Nova, na sexta (14) e no sábado (15),
Publicado 18/09/2007 14:04 | Editado 04/03/2020 16:52
O encontro contou com a presença de 172 delegados das principais regiões do Estado, representantes de 36 sindicatos, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Confederação Nacional dos Bancários (CNB), Federação dos Trabalhadores em Administração Pública Municipal (Fetam), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg) e da Federação dos Técnicos de Segurança do Trabalho.
Para a coordenadora da Corrente Sindical Classista (CSC) de Minas Gerais, Andréia Diniz, o Encontro Pró-Central de Minas sinalizou que o movimento sindical anseia por uma nova central para representar os interesses dos trabalhadores. “Apesar da sua história de lutas, a CUT deixou de ser uma organização democrática e plural. Além disso, as condições atuais mostra que a unidade do movimento sindical não passa por uma só central sindical, mas, sobretudo, pela união de todas as centrais e organizações sindicais nas lutas do dia-a-dia”, disse.
Presente no encontro, o presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Valdo Silva, observou que o modelo europeu de sindicalismo adotado no ABC Paulista está superado. “O modelo sindical europeu imita e reproduz o fetichismo da mercadoria. Daqui pra frente isso será realidade virtual. Esta nova central tem que ir para a base, tem que trazer o povo para o sindicato. A central que nasce é o futuro. O passado é só imagem virtual. Estou contente por esta iniciativa”.
Visões sobre a Central
O presidente da Federação Intersindical dos Trabalhadores nos Estabelecimentos de Ensino (Fitee), Edson de Paula, saudou com entusiasmo a criação da Central Sindical Classista. “Tenho muita esperança nessa nova central, pois sei que ela será classista, democrática e unitária. A CUT cumpriu papel fundamental na história, mas a história muda, avança, e a direção da CUT perdeu a perspectiva. Precisamos garantir a participação, a democracia e resgatar o sentido do movimento sindical”, afirmou.
Assessor jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Edmundo Vieira, participou da primeira coordenação da Corrente Sindical Classista em Minas e da filiação da CSC na CUT, no final dos anos 1980. Ao analisar o atual momento do movimento sindical, ele avaliou que hoje os trabalhadores brasileiros encontram-se órfãos de uma central classista e combativa. “Há muito a CUT deixou de ser representante dos interesses dos trabalhadores. A CSC, pela sua trajetória de luta, tem estrutura política e moral para assumir essa responsabilidade de representar os trabalhadores. Nossa missão será organizar e reunir todas as entidades para dar um salto na organização e resolutividade dos problemas. Portanto, a bandeira número um da Central Sindical Classista deve ser a proteção ao emprego. E isso só se conquista com luta”.
Com o encontro de Minas, o Movimento Pró-Central Classista e Democrática deu um importante salto, pois ampliou o debate e apontou eixos e táticas, considerou o vice-presidente da CUT-MG, José Antônio de Lacerda, o Jota. “Saímos desse encontro com o movimento fortalecido. Isso demonstra que, para a criação da Central Sindical Classista, deve prevalecer o espírito democrático, amplo e unitário. No movimento sindical atual não há mais espaço para uma idéia única, hegemonista. Devemos adotar um outro comportamento, cujo novo eixo é a mudança do modelo, com valorização do trabalho”.
Nas próximas semanas, o Movimento Pró-Central Classista pretende realizar encontros em todos os estados brasileiros, em busca de apoio para a criação da nova central sindical. O encontro nacional de fundação da Central Sindical Classista, entretanto, já tem data marcada: será nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, em São Paulo.
De Belo Horizonte,
Eliezer Dias