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Tarso confirma ida a Mônaco para extradição de Cacciola

O ministro da Justiça, Tarso Genro, vai a Mônaco no próximo sábado, dia 22, para negociar a extradição do ex-banqueiro Salvatore Cacciola. Tarso vai se encontrar com o diretor-geral de Justiça do Principado, Philippe Narminau, para apresentar às autori

Salvatore Cacciola havia sido condenado a 13 anos de prisão por desvio de dinheiro público e gestão fraudulenta de instituição financeira. Ele estava foragido há sete anos e foi preso pela Interpol no dia 15. Na segunda-feira, o governo brasileiro pediu a prisão preventiva do ex-banqueiro com finalidade de extradição. A Justiça de lá ainda não julgou o pedido.


 


A assessoria do ministro explicou que ele vai pessoalmente negociar a extradição, pois as autoridades de Mônaco teriam expressado o interesse em que um representante do governo brasileiro expusesse os objetivos da extradição. O pedido formal para a extradição do ex-banqueiro deve ser apresentado na próxima semana, depois que o processo – de mais de 500 páginas – tiver sido traduzido para o francês.


 



A Procuradoria-Geral de Mônaco avisou que, mesmo não tendo recebido ainda o pedido formal de extradição, a liberdade não virá antes do julgamento. Também advertiu que o príncipe de Mônaco, Albert II, a quem caberá a decisão, quer rigor contra acusados de crimes em outros países.


 



Gustavo Franco está solto


 



O jornalista Luís Nassif tem publicado diversas notas em seu blog (http://www.projetobr.com.br/blog/5.html) sobre o caso Cacciola. Nassif foi uma das poucas vozes que saíram em defesa do então presidente do Banco Central, Francisco Lopes, quando este foi acusado de participar dos esquemas de peculato e gestão fraudulenta montados por banqueiros como Caciola.


 



Em uma das notas publicadas, Nassif dá uma pista importante sobre onde ou sobre quem as investigações deveriam se concentrar para se descobrir quem realmente foi comparsa de Cacciola nos esquemas financeiros ilícitos que brotaram como capim durante o governo FHC.


 



Segundo Nassif, foi durante a gestão de Gustavo Franco no BC, que o esquema de Cacciola mais prosperou.


 



Veja o que diz Luis Nassif:


 




“Há dúvidas sobre qual era o esquema do ex-banqueiro Salvatore Cacciola junto ao Banco Central. Ele quebrou em 1999, com a mudança de câmbio. Na época, acusou-se o ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes de ter apoiado indevidamente o banqueiro, vendendo dólares abaixo do valor de teto definido. Lopes alegou o risco de crise sistêmica, se alastrando pelas demais instituições. O risco, de fato, existia.


 


Na verdade, o Banco Marka conseguiu um crescimento vertiginoso, acertando de maneira impressionante o comportamento das taxas de juros fixadas pelo BC. Provavelmente era por ali que possuía informação privilegiada, já que a margem de acerto era excessiva. O ex-banqueiro se fiava, também, nas informações da Tendências Consultoria, do ex-Ministro Maílson da Nóbrega. E a consultoria tinha relações estreitas com o ex-presidente do BC Gustavo Franco”.


 


“Francisco Lopes assumiu o BC quando Franco se recusou a mudar a política cambial. Cacciola quebrou porque não foi avisado a tempo da mudança ocorrida. Os dois bancos que quebraram, na ocasião, se fiaram nas avaliações da Tendências Consultoria. E é óbvio que, em algum momento, a consultoria deixou de ter informações confiáveis – momento que casa com a saída de Franco do BC”.


 


Se não foi avisado a tempo, como acusar Lopes de ter-lhe passado informação privilegiada? As hipóteses aventadas na época eram inconsistentes. Acusava-se Lopes de receber R$ 500 mil mensais exclusivamente para informar o Marka das possíveis mudanças no câmbio. Como explicar, então, que justamente a maior das mudanças não tivesse sido passada para o subornador? Jamais houve uma explicação adequada para isso.


 


Se se quisesse investigar a sério o caso Cacciola, o caminho seria analisar suas operações de renda fixa no ano anterior ao do estouro do câmbio. Analisar a probabilidade de acertos dele, saber se era natural. A partir da constatação de que a probabilidade era muito alta, tentar levantar suas fontes de informação. Essa avaliação seria simples, a partir dos bancos de dados do BC e do mercado futuro da BM&F.


 


Chico Lopes foi crucificado por uma declaração do Ministro da Fazenda Pedro Malan. Em pleno tiroteio, Malan deu uma declaração maliciosa, insinuando que as decisões de Lopes – para preservar os bancos – não tinham sido discutidas com o governo e estavam sob dúvida. Desviou o fogo de si e concentrou em Lopes, um intelectual brilhante, tão desajeitado e sem senso prático quanto a banda exógena que criou para o câmbio.