Jornal mostra a calamidade da educação em São Paulo
O jornal Diário de S. Paulo publicou hoje (24) a segunda de uma série de reportagens que retratam a qualidade do ensino em São Paulo. A aplicação de provas para 114 estudantes das redes municipal e estadual apresenta resultados alarmantes e demons
Publicado 24/09/2007 18:11 | Editado 04/03/2020 17:19
Nas respostas aos questionários, publicadas a título de exemplo, os alunos mostram desconhecimento de temas básicos e pouco domínio da língua escrita. Perguntado sobre o que é um arquipélago, um estudante da 3ª série respondeu que é um ''médico''. Outro, da 4ª série, escreveu que o descobridor do Brasil foi ''Pero auve de calhau''. A resposta de um dos alunos, este da 5ª série, sobre o significado da palavra ''preconceito'' foi: ''É uma persoa me chamar de preto e isso é rasismo''.
Além do resultado dos questionários, a reportagem descobriu estudantes que pagam para que colegas façam as lições escolares por não conseguirem ler e escrever ou por não sentirem vontade de fazer a tarefa. ''Dava preguiça de fazer a lição, aí eu pagava'', disse Caio (nome fictício) ao Diário.
O jornal expõe a falta de estímulo dos alunos em freqüentar as aulas e a pouca importância por eles atribuída ao estudo para o futuro e para o desempenho profissional. Muitos revelam falta de perspectivas e acreditam que sua profissão e possibilidades de melhoria de vida já estão definidas e independem da escola.
O descrédito na educação e a progressão continuada – chamada por movimentos da área educacional de ''aprovação automática'', já que a regra é passar de ano mesmo aqueles que apresentam defasagem no aprendizado – estimulam que a freqüência na escola seja compreendida mera formalidade.
O professor de Psicologia Educacional da USP, Julio Groppa, ouvido pelo jornal, acredita que o problema está na pouca perspectiva oferecida às crianças e jovens. ''Os que estão chegando não podem arcar com o ônus do mundo. São reflexos daquilo que oferecemos a eles''.
Com Diário de S. Paulo