Mulheres vão às ruas pela legalização do aborto

Dia 28 de setembro é o Dia Latino Americano e do Caribe pela Descriminalização do Aborto. Vários eventos marcam a data na Bahia, com destaque para Salvador que terá um ato público na praça da Piedade, na região central, com início previsto para às 17h.

Essa data foi escolhida em 1990, no 5º Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe, realizado em San Bernardo, na Argentina. O principal objetivo da mobilização é lutar para impulsionar o cumprimento das leis que permitem o aborto, além de gerar avanços na legislação quanto à revisão das leis punitivas.


 


Segundo a OMS, na América Latina e no Caribe cerca de 4,2 milhões de mulheres realizam abortos anualmente. A maior parte delas o faz em condições inseguras e de forma clandestina, em muitos casos com conseqüências irreparáveis à sua saúde. Entre os 20 milhões de abortos inseguros realizados por ano no mundo, cerca de 90% ocorrem nos chamados países em desenvolvimento, causando a morte de cerca de 70 mil mulheres. A penalização da prática do aborto acaba obrigando mulheres que já têm dificuldades em exercer seus direitos, por problemas de acesso à educação, informação, saúde, recursos econômicos e institucionais, a arriscarem suas vidas, caso não queiram ter uma criança.


 


Negras e pobres principais vítimas 


 


Negras e pobres são as principais vítimas do aborto clandestino. Segundo pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), jovens negras, sem recursos e das regiões mais pobres do Brasil são as principais vítimas mortais dos abortos clandestinos. A investigação sobre as mortes maternas, encomendada pelo Ministério da Saúde, calcula que o Brasil regista cerca de 1,04 milhões de abortos anuais, o que equivale a uma interrupção voluntária por cada quatro gravidezes. A pesquisa, baseada em dados recolhidos entre 1992 e 2005, revela que as mulheres negras e mulatas apresentam um risco relativo três vezes maior do que as brancas de morrer devido a complicações relacionadas com interrupção voluntária da gravidez (IVG), devido a hemorragias ou infecções. A prática, que é crime no Brasil e que pode ser penalizada com um a três anos de prisão, converteu-se na terceira causa de morte materna no país.


 


Quando o assunto é interrupção de gravidez de forma insegura, no Brasil, a região Nordeste é a que apresenta a taxa mais elevada, com 2, 73 por um grupo de 100 mulheres – número acima da média nacional. A pesquisa é da Federação Internacional de Planejamento Familiar.


 


Legalização do aborto


 


Depois de muita luta das mulheres mexicanas, o aborto é previsto na legislação do país. No Brasil, a  bandeira de descriminalização do aborto tem sido levantada pelo movimento de mulheres sempre associada à defesa da vida levando-se em conta o número de mortes pela interrupção da gravidez de forma insegura. A gravidade do problema fez com que o ministro da Saúde do Brasil, José GomesTemporão, defendesse em várias ocasiões um plebiscito sobre o assunto.


 


Na  2ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres realizada em agosto deste ano, foi aprovada a recomendação de se dar prioridade a reapresentação ao Congresso Nacional, pelo Poder Executivo, do projeto de lei que prevê a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana, por decisão das mulheres, e até 20 semanas se a gravidez resultar de violência sexual.
 


Da redação local