Irã: 'Os EUA são a verdadeira ameaça mundial'
O presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, acusou na terça-feira (25) os Estados Unidos de serem a “real ameça” do mundo, além de defender o programa nuclear de seu país.
Publicado 26/09/2007 15:48
Em um discurto de 40 minutos pronunciado na Assembléia Geral das Nações Unidas, Ahmadinejad acusou Washington e seus aliados de praticarem infrações aos direitos humanos.
“Os direitos humanos são extensivamente violados por certas potências, especialmente por aquelas que se pretendem ser seus defensores exclusivos”, disse.
“Criar prisões secretas, seqüestrar pessoas, julgamentos e punições secretos, sem quaisquer obediência às leis comuns… tornaram-se lugar comum”.
“Direitos sacrificados”
“Os direitos e a dignidade do povo americano também foram sacrificados pelos desejos egoístas daqueles que se mantém no poder”, continou o presidente.
“Os países que se sentem ameaçados… devem preparar suas defesas, e até mesmo contra-atacar”, advertiu.
Ahmadinejad também disse em seu discurso que o programa nuclear do Irã estava “fechado” e deveria ser controlado apenas pela agência das Nações Unidas que controla a energia nuclear.
Sem dar nomes, acusou Washington e seus aliados de ameaçarem o Irã — que para eles está desenvolvendo armas nucleares — e pressionarem a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) exclusivamente para seus propósitos.
“Felizmente, a AIEA recentemente tentou recuperar seu papel legal na sustentação dos direitos de seus membros enquanto supervisiona suas atividades nucleares”, disse Ahmadinejad.
“Hoje, por causa da resistência da nação iraniana, o problema está de volta à agência, e eu oficialmente anuncio que, em nossa opinião, o problema nuclear do Irã está agora encerrado e tornou-se em um problema ordinário da Agência”, falou, destacando também que o Irã preparou-se para conduzir “diálogos construtivos com todas as partes”.
Silêncio americano
Em um discurso feito anteriormente na Assembléia Geral, o presidente dos EUA, George W. Bush fez poucas referências ao Irã.
Ao contrário de Angela Merkel, chanceler alemã, e Nicholas Sarkozy, presidente da França, que adotaram um discurso de pressão contra a república islâmica, dizendo que eles não aceitarão um Irã “com armas nucleares”.
“Se o Irã conseguir adquirir a tecnologia da bomba nuclear, as conseqüências serão desastrosas”, trovejou Angela.
“O Irã afirma que quer energia nuclear para fins civis, mas permitir que o Irã desenvolva armas nucleares é um risco inaceitável para a estabilidade da região e do mundo”, vociferou o presidente francês.
Ocupação do Iraque criticada
Ahmadinejad também usou seu discurso para criticar a invasão e ocupação do Iraque, liderada pelos EUA, dizendo que o país “foi ocupado sob o pretexto de derrubar um ditador e de achar armas de destruição em massa”.
O presidente do Irã criticou o Conselho de Segurança da ONU, dizendo que o organismo se tornou um clube exclusivo que não responde a ninguém, dizendque que aqueles que estão no poder estariam no “por-do-sol de suas eras”.
Ele também deu apoio aos palestinos. “O povo palestino tem sido expulso e está sob pesada pressão militar, cerco econômico e tem sido também encarcerado sob condições abjetas”.
“Os ocupantes são protegidos e elogiados, enquanto que palestinos inocentes são sujeitos a massacres militares, políticos e propagandísticos”.
As delegações de Israel e dos Estados Unidos se ausentaram do plenário da Assembléia Geral quando o presidente iraniano chegou para fazer o seu pronunciamento.