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Lula expõe na ONU avanço na política externa

No último dia 25 de setembro, ao inaugurar a assembléia geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, EUA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sintetizou de forma feliz e eloqüente a atual política externa brasileira. Ao abordar a questão do meio-ambient

Disse ele logo no início do discurso inaugural representando o Brasil – que é uma tradição nos trabalhos anuais da assembléia geral da ONU: “Se queremos salvar o patrimônio comum, impõem-se uma nova e mais equilibrada repartição das riquezas, tanto no interior de cada país como na esfera internacional. A equidade social é a melhor arma contra a degradação do planeta”.  Em seguida o presidente reconhece que “não é admissível que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da terra”.



No que se refere às iniciativas governamentais no Brasil, o presidente anunciou o lançamento para breve do Plano Nacional de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. Aproveitou também a ocasião, ao se dirigir aos representantes de todas as nações, para relatar que seuo país, nos últimos anos, reduziu a menos da metade o desmatamento da Amazônia. Completou afirmando que “um resultado como este não é obra do acaso. Até porque o Brasil não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania nem de suas responsabilidades na Amazônia”.



Ao reafirmar a linha geral da política externa brasileira, Lula assegurou que vai aprofundar a cooperação Sul-Sul, sem deixar de continuar desenvolvendo um conjunto de iniciativas inovadoras com os países desenvolvidos. Especificamente em relação aos problemas do meio-ambiente, o presidente propôs a realização em 2012 de uma nova conferência mundial sobre o tema, que o Brasil antecipadamente se coloca à disposição para sediar.



Toda essa questão ambiental está intimamente ligada à questão da matriz energética atualmente dominante no mundo. Lula fez a defesa da necessidade histórica de alteração desta matriz atual e apresentou os biocombustíveis como uma das alternativas importantes: “O etanol e o biodíesel podem abrir excelentes oportunidades para mais de uma centena de países pobres e em desenvolvimento”, disse. E para esclarecer visões distorcidas da realidade brasileira o presidente informou que a cana-de-açúcar ocupa apenas 1% das terras agricultáveis no Brasil.



Disse ainda o presidente que o governo decidiu estabelecer um completo zoneamento agroecológico do país para definir quais áreas agricultáveis podem ser destinadas à produção de biocombustíveis. E que o Brasil pretende organizar em 2008 uma conferência internacional sobre biocombustíveis, lançando as bases de uma ampla cooperação mundial no setor. Lula lembrou que com um conjunto de iniciativas, com dez anos de antecedência, o Brasil superou a primeira das Metas do Milênio, reduzindo em mais da metade a pobreza extrema.



Talvez em sua declaração mais importante, o presidente brasileiro se comprometeu com a construção de uma nova ordem internacional. Mostrou-se orgulhoso de contribuir para esta meta geopolítica com o exemplo da integração latino-americana, sobretudo com o Mercosul e a Construção de uma Comunidade Latino-americana de Nações. Outra iniciativa importante neste terreno foi dada com a criação do foro de diálogo e ação conjunta entre o Brasil, África do Sul e Índia. Por fim o presidente brasileiro destacou a necessidade urgente de se reestruturar o processo decisório nos organismos financeiros internacionais. Concluiu seu raciocínio com a afirmação de que somente com o exercício da diplomacia multilateral é que poderemos encontrar os meios de promover a paz e o desenvolvimento.


 


Lula encerrou sua fala fazendo uma referência aos 50 anos dos painéis murais Guerra e Paz, de autoria do pintor brasileiro e comunista Cândido Portinari: “Não é por acaso que o mural Guerra está colocado de frente para quem chega, e o mural Paz, para quem sai. A mensagem do artista é singela, mas poderosa: transformar aflições em esperança, guerra em paz, é a essência da missão das Nações Unidas”.



* Presidente do PCdoB