Plebiscito da Vale: resultado sairá dias 8 e 9 de outubro
Em nota divulgada na página da campanha ''A Vale é Nossa'' o comitê nacional do Plebiscito Popular pela Anulação do Leilão de Privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) informou a nova data de divulgação dos resultados do plebiscito. Inicialmente p
Publicado 26/09/2007 19:42
Segundo Karla Gamba, da coordenação nacional da campanha A Vale é Nossa, o atraso na divulgação dos resultados se deu em função de dois aspectos.
''Atrasamos primeiro porque passamos a receber urnas de locais que nem imaginávamos, o que nos surpreendeu nesse processo de mobilização, mas também ampliou o prazo previsto de apuração dos votos. Um segundo motivo, que não foi decisivo mais pesou, foi a greve nos Correios, já que muitas cidades distantes postaram os votos e até agora nem todos chegaram à sede nacional em São Paulo'', explicou ao Vermelho.
Karla, no entanto, disse que o plebiscito enfrenta problemas organizativos.
''A gente também está verificando problemas organizativos nos estados para terminar a tabulação de votos, muitos ainda não enviaram todas as urnas a sede nacional'', acrescentou.
Urna eletrônica e parciais
O método de recolhimento de votos para o plebiscito é outro ponto que deve ter contado para o atraso na apuração de votos, já que o comitê nacional optou pela não utilização de urnas eletrônicas.
''Decidimos que não usaríamos urnas eletrônicas para dar ainda mais ênfase ao caráter popular desta terceira experiência no país de um plebiscito. É claro que isso traz um prejuízo, se tivéssemos optado por urnas eletrônicas o resultado sairia muito mais rápido. Por outro lado, sem a exigência da urna eletrônica qualquer pessoa interessada em participar da campanha pode realizar a votação'', concluiu.
A ativista informou ainda que o comitê nacional da campanha, ao contrário da CUT, não divulgará resultados parciais da apuração. Mesmo a expectativa divulgada pela página da campanha a Vale é Nossa, de recolher 12 milhões de votos, não foi reiterada por Karla.
''O resultado está sendo muito esperado por todos nós. A campanha do plebiscito mexeu com o Brasil e a cada dia percebemos que a adesão foi além do que esperávamos. Na última reunião do comitê a divulgação ou não de parciais da apuração gerou um longo debate e optamos pela decisão de, por hora, não divulgar parciais'', informou.
O Plebiscito e a CVRD
Antes, durante e depois do plebiscito uma empresa que raramente aparecia nos comerciais de TV passou a realizar uma ampla campanha publicitária em defesa da sua marca. A CVRD, segunda maior mineradora do mundo, passou a vincular nos mais diversos meios de comunicação sua campanha ''A Vale é do Brasil''.
A revista Época (Nº 486 – 10 de setembro) chegou a dar matéria de duas páginas em defesa da permanência da empresa nas mãos do capital privado e contra o plebiscito na semana de sua realização. Com o título ''Saudosismo anacrônico'', a reportagem de Alexa Salomão, disse que o PT só apoiou o plebiscito para ''fazer média com os movimentos sociais'' e que o presidente Lula não deverá seguir o ''radicalismo'' da Venezuela e da Bolívia.
Exaltando as qualidades da Vale como frutos da privatização, a reportagem esquece de citar a superioridade amplamente reconhecida da até hoje estatal Petrobrás. Além disso, a matéria ridiculariza o plebiscito sem trazer uma declaração de seus organizadores ou mesmo uma linha a respeito do leilão fraudulento da CDVR – principal mote da campanha A Vale é Nossa.
Para karla, a campanha publicitária da empresa foi uma prova de que o plebiscito ganhou espaço no debate nacional.
''A campanha da Vale para tentar provar que ela é do Brasil e não dos brasileiros foi uma prova de que o plebiscito fez a empresa tremer. E vamos fazer ainda muito mais, já que depois da divulgação do resultado vamos pressionar os poderes a realizarem um plebiscito oficial que quer esclarecer todos os processos fraudulentos de privatização realizados na era FHC'', disse.
Histórico
O Plebiscito Popular Pela Anulação do Leilão de Privatização da Vale do Rio Doce foi mobilizado por 64 entidades dos mais diversos movimentos sociais de todo país do dia 7 a 9 de setembro.
A rede da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) atuou no plebiscito com apenas uma pergunta sobre a privatização da Vale, já a rede da Assembléia Popular, entre outras, atuou no plebiscito com mais três, referentes às altas taxas de luz, as dívidas interna e externa e a reforma da previdência.
Segundo a página da campanha A Vale é Nossa 50 mil urnas recolheram votos em cerca de dois mil municípios brasileiros. A última parcial da CUT divulgou que mais de meio milhão de pessoas votaram pela anulação do leilão.
Veja abaixo nota do comitê da campanha a Vale é Nossa:
Nota do Comitê Nacional da Campanha
Brasília, 24 de setembro de 2007.
O Comitê Nacional da Campanha A Vale é Nossa, formado por 64 organizações que realizaram o Plebiscito Popular, entre os dias 1 a 9 de setembro, definiu o anúncio dos resultados do Plebiscito para os dias 08 e 09 de outubro de 2007. Neste momento, vários estados seguem em processo de apuração de votos.
O anúncio dos resultados, agendado para o dia 08 de outubro, será marcado por atos de rua em todos os estados e por uma entrevista coletiva, em Brasília, sobre o resultado da votação. A coletiva de imprensa vai contar com representantes das organizações que participaram do plebiscito.
No dia 09 de outubro, o objetivo da organização da campanha é realizar uma audiência pública com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Outro ponto é a entrega do resultado aos ministérios relacionados com as questões do plebiscito, (além da questão sobre a Vale do Rio Doce, estão os temas da dívida pública, reforma da previdência, e alto custo das tarifas de energia).
As audiências com os 3 poderes contarão com a presença de lutadores sociais que acompanharam a luta pela anulação do leilão e retomada da Vale do Rio Doce. Serão convidados personalidades como o jurista Fábio Konder Comparato, o bispo de Jales (SP), Dom Demetrio Valentini, o dirigente do Movimento Sem Terra, João Pedro Stédile, entre outros.