Agora é a Época que ataca e o alvo é Ciro Gomes
Começou tudo de novo: agora é a revista Época, do grupo midiático da Globo, que estampa na sua capa deste fim de semana (1/10) um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua capa. A bola da vez é Ciro
Publicado 29/09/2007 19:29
A capa da Época segue em tudo a receita que fez a fama de sua concorrente, a Veja: poucos fatos, mas um laborioso esforço edição, encharcado de peçonha. De tão repetido, o prato feito já provoca engulhos. Mas é o que esse tipo de mídia tem a ofertar, pelo menos enquanto os índices de aprovação de Lula não permitirem um ataque frontal.
Punido ou investigado?
O acusado na matéria não é Ciro Gomes, mas um certo Victor Samuel Cavalcante da Ponte, diretor de administração do Banco do Nordeste, apresentado como ''amigo problema de Ciro''. ''Nas eleições do ano passado, ele era o responsável pela arrecadação de recursos para a campanha a deputado de Ciro e de seu irmão, Cid Gomes, ao governo do Ceará'', diz ainda a revista.
A denúncia também é dúbia. A matéria assinada por Andrei Meireles e Matheus Leitão fala por várias vezes, no passado, em ''punição''. Mas em outros trechos afirma que Victor Samuel enfrenta um processo administrativo disciplinar contra Victor Samuel, no Banco, e investigações da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, nenhuma delas concluída. A acusação investigada, sempre segundo a Época: ''assinar, de maneira irregular, um acordo que reduziu – de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões – uma dívida da empresa Frutas do Nordeste do Brasil S.A. (Frutan) com o Banco do Nordeste''.
''Ciro já era, que venha o próximo''
A própria revista, na única menção ao posicionamento do deputado federal pelo PSB do Ceará, e pretendente presidencial em 2010, admite: ''Se Ponte for considerado culpado, não terá a solidariedade do padrinho político. 'Quem errou que pague', afirmou Ciro.'' Mas a citação só aparece na quinta página das seis que a matéria ocupa.
O resto já é bem conhecido dos leitores de certas revistas brasileiras. Há uma grande foto com fundo sombrio, em que Ciro aparece olhando sobre os ombros. Há um infográfico complicado, de difícil interpretação, mas cheio de retratinhos e reproduções de documentos, tudo dominado pelo rosto de Ciro e o símbolo do seu partido. E há ainda a afirmação de que isso ''atrapalha'' as''pretensões presidenciais'' de Ciro.
A revista se pergunta ''até que ponto'' atrapalha. Na frase final, considera ''certo'' que ''esse erro pode ter um impacto decisivo nas pretensões presidenciais daquele que, poucas semanas atrás, era visto como o candidato mais viável de Lula à sucessão''. Assim mesmo, no passado, como quem diz ''Ciro já era, que venha o próximo''.
A resposta de Ciro Gomes
Ciro Gomes (PSB-CE) respondeu neste sábado (29), o dia em que a revista chegou às bancas, com uma nota de quatro parágrafos. Leia a íntegra:
''A propósito da matéria O amigo problema de Ciro, publicada pela revista Época em sua edição de 1° de outubro de 2007, venho, em atenção à opinião pública, esclarecer o que se segue:
1. Ao contar uma suposta irregularidade ou erro cometido por um diretor do Banco do Nordeste, que é meu amigo há muitos e muitos anos, a revista tenta estabelecer ligação entre esse fato e a minha pessoa;
2. Jamais, nem por exceção, pratiquei qualquer ingerência em qualquer operação do Banco do Nordeste. Vale esclarecer, aliás, que o Banco do Nordeste é subordinado ao Ministério da Fazenda, e não ao Ministério da Integração Nacional, que dirigi até março 2006. Querer vincular meu nome a este assunto é forçar notoriamente a barra, pelo fato de ser amigo de um funcionário do segundo escalão do Banco;
3. Informado, dias atrás, deste assunto pelo ministro Guido Mantega, recomendei a ele o que sempre fiz ao longo de minha vida pública: a abertura de um inquérito que apure tudo, aguardando o investigado, fora do cargo, as conclusões.
4. Como bem esclarece a reportagem de Época, minha posição sobre episódios dessa natureza é clara: se houve, da parte de quem quer que seja, algum erro ou irregularidade, esse alguém deve ser punido na forma da lei. Neste caso, o acusado alega ser absolutamente inocente de qualquer ilícito. Se não for verdade, que pague a mais severa punição. Para mim, sempre foi assim: quem errou, que pague.
Ciro Gomes.''
A Época deu livre acesso à leitura de sua matéria de capa na internet. Clique aqui para ver.