Boca de urna no Equador dá 60% ao partido de Correa
Um risonho presidente Rafael Correa anunciou neste domingo (30) a ''inquestionável'' vitória ''da cidadania'' nas eleições para a Assembléia Constituinte no Equador. ''É impossível ocultar minha alegria'', confessou. Os primeiros resultados indicam qu
Publicado 30/09/2007 23:51
''Aceitamos este triunfo com suma humildade e total responsabilidade.
Sabemos que não podemos falhar e jamais o faremos'', disse Correa. ''Foi
uma eleição democrática, eficiente e transparente. As projeções são
claras: a vitória da cidadania é inquestionável'', afirmou ainda o
presidente, em entrevista coletiva na sede da presidência. E reafirmou
que o Equador reclama ''mudanças profundas''.
''Espada de Bolívar caminha pela América Latina''
Ele desmentiu que tenha ''projetos totalitários, ou, pior ainda,
projetos estrangeiros'', conforme o discurso da oposição de direita,
quer o acusa de planejar uma ''ditadura chavista''. Disse ''a uma certa
imprensa, aos poderes econômicos, à parrtidocracia, que chega de
satanizar, chega de imobilizar o país pelo medo, chega de querer nos
roubar até a esperança''.
A Constituinte é o pilar estratégico do projeto da Aliança País, que
prega um ''socialismo do século 21'' – palavra-de-ordem compartilhada com
o processo revolucionário venezuelano de Hugo Chávez.
O primeiro discurso após a eleição teve também forte sentido
integracionista. ''Sinto a espada de Bolívar caminhar pela América
Latina. Avancemos rumo à pátria de todos, até a vitória, sempre'', foram
as suas palavras finais.
País terá 14 ou 15 dos 24 deputados nacionais
Os resultados oficiais da apuração só serão anunciados pelo Tribunal
Supremo Eleitoral daqui a 20 ou 30 dias. Mas uma pesquisa de boca de
urna confirmou os prognósticos de um triunfo absoluto de País. A
agremiação de Correa tende a ficar com 14 ou 15 dos 24 deputados
constituintes eleitos nacionalmente (com os votos de todas as
províncias).
A pesquisa, do instituto SP-Estudios e Investigaciones, indicou que a
Aliança País terá em torno de 60% dos votos nacionalmente. Nax
provínciax de Guayas e Pichincha, as mais populosas do país, a
tendência é a País ficar respectivamente com 8 (em 18) e 10 (em 14)
constituintes. Mas o instituto não forneceu dados totalizados sobre os
100 deputados eleitos por província e os seis votados pelos
equatorianos emigrados.
A segunda força da Constituinte, embora bem distanciada da bancada
governista, deve ser a Sociedade Patriótica, do ex presidente Lucio
Gutiérrez, destituído em abril de 2005 por uma rebelião popular, três
anos depois de se eleger com promessas antineoliberais.
Direita tradicional é a grande derrotada
Os grandes derrotados deste domingo foram os partidos da direita
tradicional equatoriana. Em primeiro lugar o Prian (Partido Renovador
Institucional Ação Nacional), do bilionário bananeiro Álvaro Nóboa, que
disputou com Correa a eleição do ano passado; e igualmente o PSC
(Partido Social-Cristão). Essas forças vinham controlando a vida
política do Equador desde o fim da ditadura, 28 anos atrás. O país
andino de 14 milhões de habitantes, que exporta petróleo, bananas e
flores, já passou por 19 Constituições em seus 177 anos de vida.
Uma das provas de fogo da Constituinte será a tentativa de dissolver o
atual Congresso unicameral de 100 deputados, onde a Aliança País não
possui um só voto – ela se recusou a lançar candidatos ao parlamento,
acusando-o de estar irremediavelmente corrompido pela ''partidocracia''.
O presidente do Congresso, Jorge Cevallos, reconheceu que esta pregação
pró-dissolução ''dá votos'', mas caso se concretise trará ''um prejuizo
inédito a democracia'' (sic).
Da redação, com agências