Equador: pesquisa prevê vitória do País e fiasco da direita
O Movimento País (sigla em espanhol de Pátria Altiva E Soberana), do presidente Rafael Correa, deve obter entre 65 e 72 cadeiras na Assembléia Constituinte que será eleita nesta domingo (30) pelos 9 milhões de eleitores equatorianos. O cálculo é de
Publicado 30/09/2007 02:47
''O País ganha com folga em todo o país'', previu Blasco Peñaherrera,
porta-voz do Market, ao comentar os resultados. A pesquisa entrevistou
7 mil eleitores nas 22 províncias do Equador, e tem uma margem de erro
de 3 pontos.
Correa jogou tudo na Constituinte
Rafael Correa jogou tudo na eleição da Constituinte. No encerramento da
campanha, chegou a dizer que renuncia caso o País não vencesse.
Ao eleger Correa presidente, um ano atrás, o País fez um movimento de
risco: não se apresentou para a eleição legislativa, alegando que o
Parlamento estava corrompido e só a Constituinte reabilitaria a vida
política equatoriana.
Manobra arriscada mas exitosa: Correa elegeu-se. Conseguiu fazer vingar
a Constituinte, principal ponto da sua plataforma, apesar do feroz
boicote da direita acantonada no Congresso. E reuniu condições para
vibrar um golpe demolidor nessas forças, na votação deste domingo.
O
puxador de votos do País deve ser o ex-ministro Alberto Acosta, Beto
Acosta, candidato nacional de Correa (o sistema de eleição prevê 100
coinstituintes eleitos pelas províncias, 24 votados nacionalmente e
seis pelos equatorianos na emigração). A direita joga suas últimas esperanças na possibilidade de que, pelo menos, a sigla do presidente não obtenha a maioria absoluta das cadeiras.
Como deve ficar a direita
A mesma pesquisa do Market avalia que a oposição conservadora passará
dos atuais 62 deputados (em um total de 100) para 38 (em um total de
130). A distribuição ficaria assim:
PSP (Partido Sociedade
Patriótica, nacionalista, do presidente deposto Lucio Gutierrez) – 17
constituintes; na eleição parlamentar de outubro do ano passado, ficou
com 23 cadeiras em um total de 100.
Prian (Partido Renovador
Institucional Ação Nacional, da direita tradicional, do bilionário
Álvaro Nóboa, principal concorrente de Correa na eleição do ano
passado) – 12 cadeiras; em 2006 elegeu 27 deputados.
PSC (Partido Social-Cristão, de direita, com reduto em Guaiaquil) – nove cadeiras; em 2006 ficou com 12 parlamentares.
Outras forças se mantêm
Outras organizações políticas equatorianas, não alinhadas com a
direita, manterão seu espaço segundo a pesquisa. A previsão é a
seguinte:
ID (sigla em espanhol da Esquerda Democrática, social-democrata) – oito constituintes, contra dez deputados em 2006.
MPD (Movimento Popular
Democrático, braço elkeitoral do Partido Comunista Marxista-Leninista
do Equador, que apóia Correa) – quatro deputados constituintes, contra
três atualmente.
As outras 12 cadeiras, segundo a pesquisa, ficarão pulverizadas entre partidos menores.
No caminho da Venezuela e Bolívia
O governo de Correa propõe que a Constituinte, encarregada de elaborar
a 20ª Carta constitucional da história do país, dê a ela um sentido
socialista e dissolva o Congresso eleito em 2006. ''Estimamos que o
bloco do Movimento País será amplamente majoritário na Assembléia.
Institutos de pesquisas de diferentes tipos, não necessariamente
contratados pelo governo, nos atribuem entre 66 e 72 lugares'', disse o
ministro do Interior, Gustavo Larrea.
Caso a previsão se verifique, a Constituinte equatoriana estará
seguindo os passos daquelas da Venezuela, em 1990, e da Bolívia, este
ano. Também nos dois outros países andinos o debate e o voto sobre o
pacto constitucional foram demolidores para as legendas conservadoras,
algumas delas com posições de domínio longamente alicerçadas.
Da redação, com agências