Chico Lopes quer discutir efeitos da fusão de bancos
A Comissão de Defesa do Consumidor (CDC), da Câmara dos Deputados, vai debater a compra do Banco ABN AMRO pelo consórcio formado pelos bancos Santander (holandês), Fortis (belga-alemão) e RDS (escocês). O objetivo da audiência, solicitada pelo de
Publicado 01/10/2007 14:54
Segundo Chico Lopes, a realização de audiência se torna necessária diante dos possíveis efeitos da transação para o sistema financeiro nacional e o mercado bancário brasileiro. “Essa fusão resultará na criação do segundo maior banco privado do Brasil e trará conseqüências imediatas aos clientes do ABN AMRO. Mas também aos demais usuários do sistema bancário brasileiro, que fica cada vez mais concentrado e, conseqüentemente, tende a uma concorrência cada vez mais reduzida, o que prejudica ao consumidor”, afirma Lopes.
“Por isso esse debate é importante para o consumidor brasileiro, para que sejam esclarecidos todos os possíveis impactos dessa aquisição no setor bancário e nas relações de consumo”, complementa.
Medo de demissões
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), filiada à CUT, e os sindicatos e federações de bancários de todo o País temem que a compra do ABN AMRO BANK, se concretizada, provoque até 19 mil demissões em todo o mundo, boa parte no Brasil.
“Nossa preocupação é fundamentada na ausência, no Brasil, de mecanismos de proteção do emprego, utilizados pela maioria dos países europeus para enfrentar esses processos de fusões e incorporações, em que se garantem no mínimo dois anos de empregabilidade e proteção social para que os trabalhadores possam buscar sua recolocação no mercado de trabalho”, diz carta enviada pelas entidades aos deputados federais, pleiteando providências para assegurar que bancários brasileiros não venham a ser demitidos em função dessa aquisição.
Lopes lembra ainda que a Comissão de Defesa do Consumidor se mantém atenta a todas as notícias relativas ao sistema financeiro brasileiro, inclusive mobilizando um Grupo de Trabalho para questionar a alta cobrança de tarifas bancárias no País, em paralelo aos sucessivos registros de lucros recorde pelos bancos.
“Se estamos trabalhando para que os bancos venham a rever sua política de tarifas ao consumidor, ficamos preocupados em saber que esse sistema estará ainda mais concentrado, com a fusão desses bancos. Esperamos que não venha a provocar prejuízos nem para os funcionários, nem para os clientes”, relaciona.
Entre os convidados a participar da audiência pública estão o presidente do Banco Central, Henrique Meireles; o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita Wada, e a presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Elizabeth Maria Mercier. Também serão convidados representantes do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), além do diretor-presidente do ABN AMRO Bank no Brasil, Fábio Barbosa.
De Fortaleza
Dalwton Moura
Colaborou Márcia Xavier