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Confronto com a PM deixa vítimas no ato pela moradia de PE

Nesta segunda-feira, 1º de outubro, movimentos sociais protestam em todo país no Dia Mundial pelo Direito a Moradia. Em Recife, Pernambuco, a Polícia Militar entrou em confronto com manifestantes em frente Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo d

De um lado, uma linha de policiais com escudos. Do outro, manifestantes sem-teto com pedras nas mãos. A cena aconteceu no final da manhã desta segunda nas imediações do Palácio, no Centro do Recife. Bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha foram artifícios usados pelos policiais para encerrar o confronto, que durou pouco mais de 10 minutos. Cerca de 200 policiais da Tropa de Choque reprimiram a manifestação.


 


Duas mil pessoas participaram do protesto que começou por volta das oito horas desta manhã. O MLRP, entre outros movimentos, fechou as cinco vias de acesso à capital e depois seguiu em marcha para o Palácio do Governo. O trânsito ficou congestionado em toda a cidade.


 


Vários manifestantes e policias ficaram feridos, segundo informações de agências locais. O MLRP ainda não soube informar o nome completo das duas vítimas. Segundo o reverendo, a manifestante conhecida como “Célia” está hospitalizada em estado grave.


 


No centro da capital paulista, durante a ocupação de um prédio do INSS pela Facesp (Federação das Associações de Moradores do Estado de São Paulo), a polícia também foi acionada e dois manifestantes, “Nelson”, da Frente Popular de Luta pela Moradia (FPLM) e “Gegê”, do Movimento de Luta pela Moradia (CMP) foram detidos, segundo Edmundo Ferreira Fontes, da Confederação nacional de Associações de Moradores (Conam).


 


“Estamos verificando que em vários estados o Dia Mundial pelo Direito a Moradia está sendo fortemente reprimido pela polícia. Isso demonstra o quanto à pauta da moradia ainda precisa avançar num país que se diz democrático. A luta pela moradia não deve ser considerada um crime, nem caso de polícia, é um direito conquistado por todos os brasileiros”, disse ao Vermelho Edmundo.


 


Os protestos reivindicam que prédios públicos abandonados pela União sejam destinados à moradia popular. Em Recife, os manifestantes também exigem a volta do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) para os estados, como PE, beneficiados com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).


 


Fechamentos de vias no Recife


 


Os movimentos interditaram desde o início da manhã diversas vias públicas no Recife, interrompendo o trânsito e provocando engarrafamentos. Os trechos mais afetados foram os da avenida Pan Nordestina, no sentido Olinda/Recife, próximo ao Centro de Convenções, no Cais de Santa Rita, no sentido Boa Viagem/Centro e na Avenida Agamenon Magalhães, próximo à praça do Derby.


 


As ruas foram interditadas com pneus velhos em chamas. Houve princípio de tumulto no Cais de Santa Rita, quando uma equipe do Corpo de Bombeiros tentou apagar o fogo e liberar o trânsito. Manifestantes tentaram impedir a ação, mas a Polícia Militar interveio. As famílias que ocupam um prédio da União no Cais de Santa Rita jogaram pedras do alto do edifício e também foram repreendidas.


 


''Queremos chamar atenção nacionalmente, precisamos de ajuda do Governo Federal'', disse Orlando Francisco da Silva, membro do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Segundo informações dos sem-teto, existem 800 mil pessoas sem moradia ou vivendo em condições precárias no Estado. No Recife, esse número seria de 315 mil famílias.


 


Confronto e morte


 


No Recife alguns carros que estavam estacionados próximo à Praça da República ficaram amassados e tiveram vidros danificados por conta das pedras e golpes.


 


“Vamos acionar a Justiça para investigar a ação que ocorreu nesta manhã. É inadmissível o tratamento dispensado aos movimentos sociais pelos governos até então identificados com as lutas populares, como o governador Eduardo Campos do PSB e o prefeito João Paulo do PT”, afirmou o reverendo Flávio.


 


Em São Paulo, os manifestantes continuam ocupando o prédio administrativo do INSS, localizado na rua Xavier Toledo, 290, centro de SP. Os manifestantes negociam a abertura de diálogo com o governo federal para o atendimento de suas reivindicações.


 


Curitiba, Paraná


 


Aconteceu na manhã desta segunda-feira, no centro de Curitiba, uma manifestação organizada por movimentos sociais que lutam por moradia em comemoração ao Dia Mundial pelo Direito a Moradia.


 


Segundo os organizadores existem mais de 30 mil imóveis na capital paranaense, de propriedade privada ou pública, que não cumprem a função social do artigo 5º da Constituição Federal.


 


''A idéia deste ato é mostrar que em Curitiba tem vazios urbanos que poderiam ser utilizados para moradia popular'', explicou Eliana Guenzi da Silva, coordenadora estadual da União Nacional por Moradia Popular (UNMP). Os manifestantes foram até o antigo prédio do Banestado, que já foi ocupado e continua vazio, onde colaram adesivos.


 


Salvador, Bahia


 


Integrantes do Movimento dos Sem-Teto de Salvador (MSTS) se uniram para um grande protesto nesta segunda-feira. Divididos em vários pontos da cidade: Valéria, Largo do Tanque, Bonocô e BR 324, os Sem Teto pediram a conclusão das casas populares prometidas pelo Governo para resolver a questão do déficit habitacional na região metropolitana, principalmente para as pessoas de baixa renda.


 


Os protestos geraram grandes engarramentos ao longo da manhã. Além do direito à moradia, os manifestantes pediram ainda melhorias no transporte, criação de creches e instalação de postos de saúde nos bairros populares.


 


Na BR 324, policiais e funcionários da Embasa tiveram de retirar pedras colocadas na estrada pelos Sem Teto, que também queimaram mato próximo ao bairro de Bom Juá.


 


Audiências 


 


Em Recife o governador deve se reunir nesta tarde com líderes dos movimentos sociais. A Polícia Militar permanece na área mesmo depois dos tumultos.
 


O presidente da Companhia de Habitação e Obras de Pernambuco, Jorge Carrero, informou que um estudo sobre a falta de moradia no estado já foi realizado e que fóruns regionais estão sendo realizados para a elaboração do Plano Estadual de Habitação.


 


“Também estamos cumprindo o trabalho proposto no Programa Minha Casa, que prevê a construção de 10 mil casas neste ano”, disse.


 


A Conam e Facesp também pressionam por audiências com diversos ministros e com o presidente Lula para tratar do tema.


 


“O objetivo das audiências é acelerar a entrega de patrimônios inutilizados pela União para a doação de moradias populares”, explicou Edmundo da Conam.