Currículo e temática da cultura e história afro, do papel  para  vida! *

A Lei 10639/03 é uma conquista histórica do povo negro brasileiro, fruto de inúmeras lutas, palestras, seminários, encontros específicos, etc. É o reconhecimento de que o Estado brasileiro possui uma dívida histórica junto às populações negras e indígenas pelos séculos de massacre, escravização e descaso perante o destino destes contingentes.

A importância de os  afrodescendentes (e não somente eles) conhecerem  sua história, sua ancestralidade nos faz refletir sobre a força que tem o racismo em sua perpetuação entre nossa gente, seja nas famílias, nas escolas, no trabalho, nos diferentes círculos sociais.

O racismo é repassado no cotidiano como prática, através de inúmeras representações da imagem depreciativa contra os negros e a principal característica desta prática é a sua desumanização e, sendo uma “coisa” não há reconhecimento de sua vida histórica, tão pouco de seus líderes, de suas manifestações culturais, de sua religiosidade, de seus espaços territoriais, seus objetos sagrados, suas roupas, sua estética.

Ao aplicar a Lei 19639/03, efetivamente em sala de aula, rompe-se com a invisibilidade de uma parcela da população, responsável que foi pelo erguimento da nação brasileira. O eurocentrismo, tão enraizado em nossa educação deixa de ser uma visão de mão única.

Olhar para a África, para seu povo, para sua geografia e história é perceber quão rico é este continente,  tão fundamental para o desenvolvimento da humanidade.

A aplicação da Lei 10639/03 deve sair do papel e ir para  vida!!!

* Geovani Machado, geógrafo Executiva Unegro RS

** A Ministra Matilde Ribeiro estará em Pporto Alegre nesta terça-feira (2) para participar da Audiência Pública sobre o ensino da história e cultura afro na Assembléia Legislativa.