Opinião: Os comunistas e a luta contra o racismo
Em sua história de 85 anos de existência, o Partido Comunista do Brasil – PCdoB foi uma instituição política que combateu sem trégua a luta contra o racismo em nosso país. O combate ao racismo é parte integrante do projeto de emancipação nacional e so
Publicado 03/10/2007 16:08 | Editado 04/03/2020 17:13
A singularidade da formação social brasileira é resultado das próprias particularidades que marcaram a colonização portuguesa na América. Entre elas se destaca o dilema da ocupação e colonização de terras gigantescas e de sua incorporação aos novos circuitos globais de comércio a partir de uma boa base populacional extremamente reduzida a metrópole. Decorre disto o formato de poligamia patriarcal opressora assumido pela colonização escravocrata como prática da ocupação e dominação. O domínio de classe confundiu-se, durante todo o período escravista de nossa história, com a opressão racista que subordinou indígenas e africanos escravizados ao colonizador europeu. O racismo é um aspecto fundamental do domínio de classes, sendo a faceta cruel da opressão social que complementa e reforça o domínio classista.
O processo histórico dessa formação social foi doloroso, brutal, marcado pela escravidão e pela violência, condicionado pelos interesses de uma elite colonizada. Todavia, o resultado é um povo novo, uno, com um modo original de afirmar sua identidade.
A mestiçagem, fenômeno objetivo e cultural é um dos elementos fundamentais do processo que nos tornou brasileiros. Independente das aparências físicas diferenciadas, nas quais sobrevivem às ancestralidades de nossas matrizes, não há grupos étnico-nacionais que disputam autonomia frente ao estado brasileiro, como é comum em vários países.
É preciso defender a ampliação de políticas que, para além de combater manifestações racistas explícitas ou veladas em todas as dimensões da vida, promovam ativamente uma imagem positiva dos negros no imaginário social, destacando tanto a sua participação decisiva na construção da nacionalidade quanto a sua presença na sociedade atual.
O resgate simbólico e material do componente negro da nossa formação social parte da valorização da natureza mestiça da sociedade e do povo brasileiro.
Nesse contexto entendemos que para se construir o socialismo em nosso país, é imprescindível: abolir e combater todas as discriminação de raça, nacionalidade, religião e em especial as que têm por objeto o negro.
* Francisco Batista Pantera é poeta, historiador, professor de História, Filosofia e Sociologia e Secretário Estadual de Movimentos Sociais do PCdoB.