Jimmy Carter: EUA tortura prisioneiros e viola direitos humanos
Os Estados Unidos tortura os prisioneiros em aberta violação das leis e dos tratados internacionais em matéria de direitos humanos, assegurou nesta quarta (10) o ex-presidente estadunidense Jimmy Carter (1977-1981).
Publicado 12/10/2007 23:01
''Vejo nosso país, pela primeira vez em minha vida, abandonando o princípio básico dos direitos humanos. Temos dito que as convenções de Genebra não são para os detidos no cárcere de Abu Ghraib e na base de Guantánamo (Cuba) e a decisão é de que podemos torturar prisioneiros'', afirmou o ex- governante na CNN.
Carter opinou que o mandatário estadunidense, George W. Bush, tem sua ''própria definição'' do que são os direitos humanos. ''Ele não pode fazer sua própria definição de direitos humanos e dizer que não os violamos. Essa outra definição é dele própria, inclui tortura, e ele tem assegurado que não se viole a sua definição'', agregou.
Na sexta passada, Bush garantiu em um ato público que ''este governo não tortura as pessoas. Respeitamos a lei estadunidense e nossos compromissos internacionais''.
''Eu não creio'' que o governo de Bush torture, ''eu sei que o faz com certeza'', disse Carter, que lamentou as declarações do atual presidente. ''Esta não é uma declaração pertinente com respeito às normas internacionais em matéria de tortura ‘vigentes’ desde que foi promulgada a declaração dos Direitos Humanos há 60 anos atrás'', disse.
Críticas a Cheney
Um dia antes, em uma entrevista com a cadeia britânica da BBC, Carter havia criticado o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. ''Ele tem sido um desastre para Estados Unidos'', sobretudo no tema de política exterior, disse Carter.
''[Cheney] Tem sido um desastre para nosso país, com demasiada influência sobre o presidente Bush e, em geral, se impondo a ele'', afirmou.
As declarações de Carter tiveram uma resposta rápida da Casa Branca, que através de um porta voz, insistiu que os EUA ''não torturam'' e que é ''entristecedor'' escutar ''um ex-presidente falar dessa maneira''.
Paz com o Irã e com o Iraque
Carter também teceu palavras para o ex-chefe do governo municipal de Nova York e pré-candidato republicano, Rudolph Giuliani, a quem chamou de ''insensato'' por sua opinião de que o país deveria estar aberto para fazer uso da força contra o Irã.
''Espero que ele não se eleja presidente e tente impor seu convencimento de que necessitamos de ir a guerra com o Irã”, declarou. ''Isso seria catastrófico para Irã e para os EUA; além disso, os demais países do mundo se apartariam de nós'', explicou.
Por fim, Carter criticou aos pré-candidatos democratas de Hillary Clinton e Barack Obama por não se comprometerem com a retirada das tropas estadunidenses do Iraque para o final de seu primeiro ano de governo, no caso de ganharem as eleições presidenciais.
Tradução: Carla Santos
Fonte: Telesur