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Das favelas às coberturas, 'Tropa de Elite' pauta violência

O filme Tropa de Elite tem levado todo o Brasil – “das favelas às coberturas e até os gabinetes oficiais” – a discutir a violência no Rio. É o que observa o diário americano The Washington Post, em reportagem publicada nesta segunda-feir

“Mesmo antes de ser lançado nos cinemas, neste mês, Tropa de Elite já era o filme brasileiro mais visto da temporada”, lembra a publicação norte-americana. “A principal empresa de pesquisas do país estimou que cerca de 11,5 milhões de adultos – e também um número desconhecido de crianças – já havia visto o filme em DVDs pirateados antes das primeiras projeções.”


 


Segundo o Washington Post, “o filme é centrado nos policiais que combatem as gangues de traficantes de drogas que controlam as favelas do Rio”. O jornal comenta que a polícia tentou inicialmente proibir o lançamento do filme, por considerar que as cenas que mostram policiais torturando favelados mostravam uma imagem ruim da corporação. Em compensação, “os críticos da polícia argumentam que o filme é muito simpático aos policiais corruptos, porque apresenta a ação a partir do seu ponto de vista”.


 


Além disso, “algumas organizações não-governamentais fizeram objeções à sugestão do filme de que alguns ativistas se aliaram a traficantes de drogas para terem acesso às favelas”, afirma o jornal. Segundo a reportagem, o diretor do filme, José Padilha, sustenta que tais alegações são um reflexo da realidade de uma cidade “com uma das maiores taxas de homicídio do mundo”.


 


“Por décadas, a maioria das mais de 600 favelas do Rio vem sendo comandadas por gangues de traficantes. A polícia, tanto militar quanto civil, mantém uma guerra contra esses grupos e são comumente criticadas por serem tão brutais – se não mais – do que as próprias gangues”, relata o diário. “Os tiroteios são comuns, e os moradores das favelas ficam freqüentemente sob fogo cruzado.”


 


De acordo com a reportagem, “Padilha disse que sua intenção era mostrar a guerra da perspectiva de um policial e deixar a audiência julgar se o policial é bom, mau ou ambos”. Citando um colunista do jornal O Globo – que classificou Tropa de Elite de “fascista” por supostamente desculpar os abusos cometidos pela polícia nas favelas -, o jornal atesta: “Para aqueles com opiniões firmes sobre a violência do Rio, a recusa do filme em impor sua própria moral é ofensiva”.