Plenaria UBM reúne 80 pessoas em Campinas/SP

Atividade preparatória do 7° Congresso da União Brasileira de Mulheres (UBM), a plenária de Campinas reuniu mais de 80 pessoas no Centro de Tradições Nordestinas. A esmagadora maioria, 90%, composta por mulheres. Olívia Rangel e Suely Torres provo

Olívia Rangel, da executiva nacional da UBM, trabalha com a idéia de que as mulheres obtiveram grandes vitórias nas últimas décadas, mas ainda há muito a ser conquistado. Como exemplo de sua tese, ela aponta a pequena participação feminina nos postos de comando, quando proporcionalmente comparada à sua presença na sociedade. O ministério do governo Lula, que é um governo democrático, é um exemplo. As mulheres comandam apenas 04 dos 23 ministérios.  Para ela, ''também, não basta ter apenas algumas mulheres brilhando em determinados momentos; o conjunto das mulheres tem que ter todos os direitos e participar igualmente da vida econômica, social e política''.


 


 


Olívia ressalta algumas dificuldades das mulheres brasileiras. Para ela, no que diz respeito à opressão, ainda existem situações do século passado pelo Brasil afora. E não só no campo, mesmo na cidade, onde a mulher já conquistou muitas coisas em relação a sua situação anterior. ''Inclusive na questão da consciência, da visão que ela tem de si mesma, da visão de seu papel na sociedade, a sua capacidade de produzir teoria, sua capacidade de ser cientista e de dirigir o país ''Emancipação é isso; que as mulheres participem, em número igual ao dos homens, de todas as questões. E, isso é um processo social, não é um processo de conquista individual. Por isso, a UBM desenvolve ações para a emancipação da mulher'', diz.


 


 


Olívia considera que a lei foi uma importante conquista do movimento feminista porque trata a questão da agressão como um crime, um atentado ao direito humano e não como uma questão menor, como antes. Mas, a dirigente aponta um grande problema constatado nesse primeiro ano da Lei Maria da Penha que é a dificuldade com relação às denúncias. Para ela, faltam políticas públicas que protejam a mulher que vai fazer a denúncia. ''Nós não temos casas abrigo em número suficiente. Como defender a mulher da agressão no momento em que o homem é intimado a ir à delegacia? Nós precisamos de mais políticas públicas para que a lei possa vigorar do jeito que nós queremos'', conclui.


 


 


A sindicalista Suely Torres de Andrade critica a condição posta para a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Ela aponta que as dificuldades vêm da própria visão, da concepção que a sociedade tem da mulher. ''A mulher é vista como um ser inferior, incapaz de ser aproveitado no processo de produção social. Apesar dos vários avanços, a sociedade ainda considera que o principal papel da mulher é a reprodução, é cuidar da casa, cuidar da família. Ela não é vista, ainda, como um ser capaz de se inserir no mercado de trabalho e participar da produção coletiva no sistema em que nós vivemos'', denuncia.


 


 


Para ela, trata-se de uma questão histórica. A mulher tinha sua função social no feudalismo. Mas, no início do sistema capitalista ela é recolhida e assume a função única de cuidar dos filhos. ''Era uma necessidade dos capitalistas para implantar a atual sociedade, dividida em classes'', pondera. Mas, o mesmo sistema que a oprime, passa a necessitar da mulher para a sua própria manutenção. Com o passar do tempo e com o desenvolvimento do capitalismo, a mulher começa a ser chamada para inserir-se no mercado do trabalho, mas numa posição marginal. ''Aí está o problema, a mulher entra numa condição inferior à dos homens, tanto em relação à sua importância no processo – a mulher não é chamada para compor os grandes centros de decisão, nem para produzir conhecimento – quanto em relação à condição de disputa – pois, dentro da fábrica, normalmente, a mulher exerce uma função inferior à dos homens. A sindicalista conclui explicando a lógica da questão, ''isso implica em salários menores. Até hoje, a mulher ganha salários inferiores aos dos homens para o exercício da mesma função. Algo em torno de 30% menos. O capital quer a força de trabalho de mulher para aumentar a sua exploração sobre todos os seres humanos''.


 


 


De Campinas,
Agildo Nogueira Jr.