Workers World: Paquistão, Mianmar e o sangue derramado
''Em sua crise, parece que o regime militar de Mianmar não possui apoio popular. Entretanto, há sinais que pedem cautela em relação à maneira que os meios de comunicação corporativos apresentam suas reportagens sobre Mianmar, um país que seu ex-explorador
Publicado 23/10/2007 13:38
É instrutivo comparar o tratamento que recebem nesses meios de comunicação os generais que dirigem Mianmar com o dado aos generais que dirigem o Paquistão, um Estado cliente dos EUA. Ambos os regimes lançaram ações sangrentas contra figuras religiosas de oposição, mas sem a mesma reação nos meios corporativos do Ocidente.
O questionável presidente do Paquistão, o general Pervez Musharraf, do mesmo modo que o grupo militar em Mianmar, enfrenta uma oposição tanto religiosa como laica. Do mesmo modo que o grupo militar, ele ordenou que suas tropas abrissem fogo contra figuras religiosas em rebelião. Em 10 de julho lançou um sangrento ataque contra uma mesquita no meio de Islamabad. Não resta nenhuma dúvida que Musharraf é um ditador, pronto para impor a força se considerar que isso o manterá no poder.
A reação da mídia corporativa a Musharraf foi, senão simpatizante, pelo menos compreensiva. Reproduzimos aqui um quadro cronológico recente da Agência Reuters: ''Depois de um cerco que durou uma semana, Musharraf ordena que as tropas assaltem a Mesquita Vermelha em Islamabad para acabar com o movimento de cunho Talibã. Pelo menos 105 pessoas morreram''. Isso era típico, caracterizar as vítimas como talibãs, em outras palavras, como extremistas fundamentalistas muçulmanos, e que por isso não merecem compaixão. Nem fotos, nem vídeos dos blindados e soldados baleando pessoas foram vistas nas telas ou nas páginas.
A revista Newsday tem outra reação a respeito de Mianmar: ''Mas parece que a junta militar em mianmar, também conhecida como Birmânia, só conhece uma maneira para resolver essa crise: a força brutal e sangrenta''.
Essa atitude era típica dos meios corporativos por todos os Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e Austrália. As cenas de monges sendo baleados dominava a cobertura jornalística. Os meios de comunicação lançaram suas piores pragas contra os generais de Mianmar e qualquer partidário deles.
Tratam a oposição civil, especialmente a esses elementos com estreitas conexões e apoio dos países imperialistas, como heróis populares, assim como tratam os monges budistas.
Nossa mensagem é: tenhamos cuidado. Tal cobertura tem a intenção de justificar uma intervenção imperialista. No Paquistão, que tem fronteiras com Irã e Afeganistão, poderia implicar em uma intervenção militar se a luta das massas tiver a possibilidade de remover os generais que atualmente são controlados pelos EUA.
O imperialismo dos EUA ou do Reino Unido, inclusive dos aliados na Otan ou Austrália ou Japão, nunca intervém com fundos e armas para ajudar uma luta de libertação ou independência. Se essas forças imperialistas estão envolvidas, podemos estar seguros que há recursos naturais ou interesses geoestratégicos em jogo.
No caso de Mianmar, não importa como seja resolvida a luta popular desse país
do sudeste da Ásia, os imperialistas dos EUA e da Otan não têm nenhum direito a intervir.
Título do Vermelho