Primo de Jean Charles critica ''mentira'' do julgamento inglês
A família do brasileiro Jean Charles de Menezes – assassinado pela polícia britânica em julho de 2005 ao ser confundido com um terrorista no metrô de Londres – define como “simbólica” a multa recebida pela Scotland Yard, a polícia inglesa. “Ninguém no
Publicado 03/11/2007 19:41
“A média do valor da casa de uma pessoa pobre aqui é o dobro. Essa multa não é nada. É simbólica”, argumentou.
A Justiça britânica condenou a polícia a pagar uma multa de 175 mil
libras (cerca de R$ 630 mil) pela operação que levou à morte de Jean e
375 mil libras (cerca de R$ 1,4 milhão) pelas custas do processo. Mas,
como explica Pereira, a multa é referente ao risco a que a instituição
submeteu a população, e não à morte de seu primo.
Além disso, Alex Pereira afirma que a multa não pode ser considerada
uma forma de punição, já que o dinheiro deverá ser pago ao Estado que,
por sua vez, irá repassá-lo novamente à instituição. “Seria o dinheiro
da população, o meu próprio dinheiro, que estaria indo para o Estado e
sendo devolvido à polícia. É assim que funciona. Não é como no caso de
uma grande empresa privada, que poderia ser penalizada em até três
vezes esse valor”.
O primo de Jean Charles diz que a família, apesar de considerar a
Justiça britânica burocrática, vai continuar buscando uma solução para
o caso. Ele conta que os advogados vão abrir inquérito, com o apoio da
Comissão Independente de Queixas da Polícia (IPCC, na sigla em inglês)
e provar “a mentira” montada pela polícia.
“Agora, vem a acusação de drogas e mais coisas que a gente não tem como
contestar. O Jean não reagiu. Não teve oportunidade de fugir ou se
defender e foi morto. Matar sempre é errado, ainda mais nesse caso que
não foi de legítima defesa”, disse Pereira. Para ele, ''a Justiça
britânica é bem pior do que a do Brasil''.
Jean Charles foi morto por policiais à paisana, na estação de
Stockwell. No dia, houve uma tentativa frustrada de ataque terrorista
no metrô. De acordo com a versão da polícia britânica, os agentes
confundiram o brasileiro com um terrorista. Já o IPCC alegou que o
rapaz era “inocente” e foi morto no trajeto para o trabalho.
Com informações da Agência Brasil