Conferência do PCdoB acirra debate sobre sucessão em Salvador

A Conferência Estadual do PCdoB, que aconteceu no último fim de semana, em Salvador, além de eleger a nova direção do partido, repercutiu na mídia  intensificando o debate, sobre a sucessão à prefeitura de Salvador. Boa parte da repercussão foi causa

As respostas dadas pelos comunistas ultrapassaram os limites do Centro de Convenções Fiesta, onde aconteceu a conferência, e se estenderam até à Assembléia Legislativa da Bahia, à Câmara de Vereadores e aos jornais da capital, dando início a um debate que deve esquentar com a proximidade das eleições de 2008


 


Depois de elogiar a pré-candidatura da vereadora Olívia Santana à prefeitura de Salvador, o secretário fez uma metáfora que desagradou a boa parte dos presentes. Segundo ele, “o PCdoB não costuma cuspir no prato que comeu e por isso estaremos juntos nas eleições, seja no primeiro ou segundo turno”. Muita aplaudida, Olívia subiu à plenária pouco depois de Santiago e disse “o PCdoB não só não costuma cuspir no prato que comeu como sempre cuida dele, mas, eventualmente, pode trocar de prato”.



A declaração de Gilmar não desagradou só aos comunistas. Em reportagem publicada no jornal A Tarde na terça-feira (13/11) Marcelino Galo, presidente estadual do PT,  partido de Santiago, definiu a declaração como “infeliz”. “A direção do PT pede desculpas pelas declarações feitas por Gilmar. O secretário, enquanto membro do PT, deve ser porta-voz do prefeito e não do PMDB”, advertiu Galo criticando Santiago.



Candidaturas



Segundo Geraldo Galindo, presidente do PCdoB em Salvador, a reação de Marcelino Galo parece apontar para um caminho que começou a ser trilhado pelo PCdoB. “O nosso partido não considera incompatível ocupar cargos no governo e ter candidatura própria, e com a decisão pelo lançamento da pré-candidatura de Olívia Santana, essa tese aparentemente está sendo assimilada por outros partidos da base do governo, que vêm se manifestando publicamente”, afirmou. A deputada federal Lídice da Mata, tida como a provável candidata do PSB, de acordo matéria na imprensa local, parece agora concordar. Para ela, “na medida em que não esteja havendo uma capacidade de atração para um projeto único, é natural que os partidos tenham o direito de discutir projetos individuais, o que não quer dizer que seja uma tendência que prevaleça até o final”.



Assembléia Legislativa



O debate sobre o fica-ou-não-fica na prefeitura teve um outro episódio, só que dessa vez na Assembléia Legislativa da Bahia. O líder do PMDB na casa, o deputado Álvaro Gomes e Edson Pimenta, ambos do PCdoB, rebateram declarações do deputado Leur Lomanto Júnior (PMDB), feita num pronunciamento na segunda-feira (12/11), onde criticou a postura do PCdoB. Talvez inspirado pelas declarações de Santiago, o deputado fez uma má escolha de palavras e gerou reações de outros parlamentares. Segundo Lomanto, só restava aos comunistas “largar o osso e pedir o boné”, se referindo à secretaria de Educação, comandada, por indicação dos comunistas, pelo professor Ney Campello, e alvo da cobiça dos peemedebistas.



Pressões



As declarações de Lomanto geraram uma resposta imediata do líder do PCdoB na Assembléia Legislativa, o deputado Álvaro Gomes. Para ele, as declarações de Lomanto são uma conseqüência da sua falta de conhecimento sobre a história do PCdoB. “O deputado Leur Lomanto é um parlamentar novo e com potencial político, mas não conhece a história do PCdoB. Nós temos princípios enraizados, não somos um partido de aluguel, que não sabe onde fica”. Gomes ainda mandou um recado para as forças que, a exemplo de Geddel e Lomanto, tentam pressionar os comunistas. “E que fique claro, quem decide pelo PCdoB é a direção e a militância do PCdoB”, avisou.


 


De Salvador,


Rodrigo Rangel Jr.