Euclério abre o verbo contra subserviência dos deputados e ataca Paulo Hartung

“A força do Executivo tem garantido a aprovação de projetos de lei sem qualquer discussão. Será que perdemos o direito que nos foi dado nas urnas de legislar e representar nosso povo?”. Palavras do deputado estadual Euclério Sampaio (PDT/foto) na sessão d

O pedetista ainda contestou a posição do líder do governo e principal xerife de Hartung no Legislativo, deputado Élcio Álvares (DEM e ex-governador biônico da ditadura). “Quando o líder do governo diz que devemos simplesmente acompanhar a vontade do governo, ele endossa a tese de subserviência do Legislativo. Isso é perigoso”, alertou.


 


Euclério iniciou seu pronunciamento citando autores clássicos sobre a teoria de separação dos poderes, lembrando a Constituição, que estabelece a harmonia entre os três poderes, mas cada um com sua autonomia e independência, o que, frisou, não ocorre no Estado. “Lamentavelmente, o que observamos hoje é que isto não acontece aqui, existe sim uma relação pouco harmônica e de muita dependência”.


 


Essa parte do pronunciamento de Euclério vai ao encontro aos comentários dos meios políticos, que vêm a atual Assembléia como a mais submissa ao Executivo. Um exemplo citado foi a recente votação do Plano Plurianual de Aplicações (PPA) do governo do Estado, aprovado sem o destaque das emendas rejeitadas dos parlamentares, fato antes nunca registrado na história do Parlamento brasileiro.


 


O deputado completou sua opinião classificando a situação atual da Assembléia como uma posição eminentemente política, já que a avaliação nos meios políticos é que o governador terá uma grande influência no próximo pleito de 2008, embora rejeite esse título. Sobre os deputados governistas, denunciou uma política de subserviência ao governo. “Essa é uma postura conservadora, retrógrada e arbitrária”.


 


As declarações de Euclério também atingiram em cheio o governador Paulo Hartung, que, mesmo após uma entusiasmada defesa de Élcio com base nas últimas pesquisas do instituto Futura, teve apontadas falhas graves em sua atuação política e administrativa. “Do alto da sua popularidade, o governador Paulo Hartung não pode esquecer que ainda existe uma expressiva parcela da população capixaba que não se sente contemplada com as ações de seu governo”.


 


“Tem gente que disputa palmo a palmo atendimento médico-hospitalar, que vive em situações de vulnerabilidade social, que amarga as conseqüências das desigualdades sociais”, apontou Euclério, que aproveitou a oportunidade para dar uma tapa de luva no governador, ao citar uma fala do próprio Hartung: “Como ele costuma dizer, é o governo de todos, e não só daqueles que aprovam o trabalho de seu governo”.


 


O pedetista finalizou seu discurso atacando a pretensa moralidade de figuras do governo e contestando a existência de “um novo Espírito Santo” propagandeado pelo governador. “Já está na hora de colocarmos fim a este discurso sectário e perigoso de que quem apóia o governador é do Bem e quem está contra é do Mal”.


 


Fonte: Século Diário, texto e foto Nerter Samora.