Levante comunista em Natal completa 72 anos
Entre 23 e 27 de novembro de 1935, eclodiram levantes armados em Natal, Recife e no Rio de Janeiro. Na cabeça desse movimento insurrecional estava Luís Carlos Prestes, presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e dirigente do Partido Comuni
Publicado 24/11/2007 18:51
Apesar do impacto que teve na vida política brasileira, o levante de 1935 continua sendo pouco conhecido. Os setores mais conservadores da sociedade brasileira cobriram de calúnias aquele heróico acontecimento, que acabou entrando para a história oficial com o nome “Intentona Comunista”.
Em 23 de novembro, oficiais tomaram o 21º Batalhão de Caçadores, em nome do tenente Luís Carlos Prestes. A revolução dominou Natal em questão de horas. A única resistência armada foi oferecida pelo quartel da Polícia Militar, onde teria acontecido a morte de Luiz Gonzaga.
O ano de 1935 foi bastante rico do ponto de vista da organização dos movimentos sociais revolucionários. A ANL era a principal referência política na época junto com o Partido Comunista do Brasil (PCB). Era uma época também de intensificação da luta antifascista no mundo e no Brasil, diante da ameaça que se expunha em países como Alemanha e Itália. ANL se apresentava como uma grande frente formada por vários setores da sociedade brasileira comprometidos com a luta contra o integralismo no Brasil e o nazi-fascismo no mundo, contra o imperialismo e contra o latifúndio.
A disputa pelo poder foi colocada por parte dos membros da ANL, que em novembro de 1935, deflagraram, além do levante em Natal, outros levantes militares no dia 24 em Recife (PE) e dia 27 no Rio de Janeiro, então capital federal. Os levantes foram derrotados e violentamente reprimidos pelo Exército, com milhares de pessoas presas. Com a derrota do movimento, o governo de Getúlio Vargas intensificou a repressão contra as organizações. Foi decretado o Estado de Sítio, que se manteve durante todo o ano de l936 e aplicada a Lei de Segurança Nacional.
A história da Insurreição de 35 sempre foi repleta de informações desencontradas e boatos. Os acontecimentos foram contados de diversas formas diferentes e muitas vezes contraditórias. O paradeiro do governador Rafael Fernandes é um exemplo. Jornais da época, como a Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), atestavam que o governador se encontrava a bordo de uma ‘canhoneira mexicana’. Outras versões falam de asilo no consulado do Chile; de fuga em avião francês, e até versão correta, de que o governador teria pedido abrigo no consulado da Itália.
Conta-se, também, que os revoltosos teriam feito grande número de saques no comércio da cidade, quando, na verdade, foram efetuados pela própria população. Segundo Praxedes de Andrade, um dos líderes do movimento, em entrevista concedida há alguns anos ao jornalista Moacyr de Oliveira, “isso só teria ocorrido por conta do comércio não ter aberto as portas, apesar de o governo ter ordenado o funcionamento normal”.
O próprio nome como ficou conhecida a insurreição abriga uma polêmica. “Intentona” é uma palavra pejorativa que vem do castelhano e é traduzida como “tentativa louca”. Segundo o historiador Hélio Silva, seu uso era parte de uma campanha do governo Vargas para desqualificar o movimento comunista brasileiro. Outra polêmica trata de uma suposta “ordem de Moscou”. A história oficial relata que a Revolução fez parte de uma estratégia para implantar um governo comunista no Brasil.
Historiadores como Marly Almeida Viana discordam dessa versão. “Nunca houve qualquer diretiva da Internacional no sentido de um levante armado no Brasil”. A veracidade de um bilhete que foi enviado para a coordenação estadual do Partido Comunista é mais um ponto que precisa ser esclarecido. Apesar de ter sido planejado para ocorrer no dia 27, o levante em Natal foi antecipado para 23 de novembro de 1935.
Da redação, com informações do MST