Nova era: Brasil se prepara para a estréia da TV digital
Finalmente a TV digital chega ao Brasil. As transmissões oficiais das emissoras abertas começam na noite do próximo domingo (2), apenas na Grande São Paulo. A promessa é de imagens melhores que as da analógica: o sinal pega ou não pega, sem o meio-termo d
Publicado 29/11/2007 18:32
Por enquanto, o aguardado recurso de interatividade não estará disponível. Para explicar a entrada da novidade em etapas, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, lembrou que, em outros países, a adoção da interatividade também não foi imediata: “Na Europa, não existe plena interatividade. Nos Estados Unidos, não há nada. E são países em estágio mais avançado”. O recurso, segundo o ministro, é um passo — e não pode ser cobrado agora.
Costa explicou que as fases da interatividade partiriam da necessidade de uma linha telefônica disponível na casa do telespectador. A linha serviria para fazer o contato com os programas da TV. O ministro comparou o processo à implantação da TV em cores no Brasil, que também se deu por etapas. “Estamos dando um passo importantíssimo, nos aparelhando para disputarmos uma posição de liderança na América do Sul, igualando-nos à Europa e próximos aos Estados Unidos.”
Para a interatividade funcionar, os conversores (e televisores prontos para a TV digital) precisam vir equipados com o softwares Ginga. Os aparelhos à venda ainda não dispõem desse programa que faz a ligação entre o telespectador e a emissora. O sistema está em fase de testes por universidades brasileiras, e é bem provável que o conversor adquirido hoje fique obsoleto em apenas um ano.
Certas vantagens alardeadas da TV digital também não estarão acessíveis. A escolha entre diversos programas simultâneos em um mesmo canal ainda não é viável. Além disso, as emissoras dizem que estão se preparando para oferecer programas interativos, mas há ainda outra questão a solucionar: não foi definido qual será o canal por onde o telespectador mandará suas respostas — se a rede telefônica comum ou a banda larga.
É claro que essa tecnologia vai amadurecer. Afinal, está apenas começando o que deve ser a principal mudança da televisão desde o lançamento, no Brasil, dos aparelhos coloridos, no início da década de 1970. Por isso, se você ainda não quiser ou puder se adaptar, pode ficar tranqüilo: o sinal analógico estará disponível até julho de 2016.
Covém esperar
Outra boa notícia: tanto o preço dos conversores quanto dos televisores com o novo sistema para receber as transmissões digitais, sem necessidade do decodificador, deve cair até o fim de 2008. Três fabricantes lançaram conversores para os atuais televisores captarem o sinal digitalizado da televisão aberta. Os preços atuais variam de R$ 499 a R$ 1.199 em São Paulo — valores bem acima da estimativa do governo, de R$ 250.
Para Moris Arditti, vice-presidente da Gradiente, no momento “é muito difícil reduzir o preço” para abaixo dos R$ 700. Mas isso certamente vai acontecer na medida em que o mercado começar a ganhar em escala”. A queda deve chegar a 60% até o fim do próximo ano, segundo Rodrigo Araújo, consultor de mercado. “Em tecnologia é assim: paga mais caro quem quer estar atualizado com as novidades.”
O ministro Hélio Costa desaconselha a compra de aparelhos por mais de R$ 1 mil. Ele pediu paciência aos consumidores e garantiu que o preço mais baixo encontrado atualmente no mercado poderá cair para menos de R$ 300 em seis meses — e assim progressivamente. “Se o terminal de acesso (conversor) tiver os mesmos benefícios que foram dados ao computador popular, poderemos ter a caixinha conversora nos próximos meses por R$ 200.”