Rebaixado, Corinthians iguala Palmeiras e outros grandes
O Corinthians escreveu o capítulo mais triste da sua história neste domingo (2). A equipe do técnico Nelsinho Baptista só empatou com o Grêmio por 1 a 1, no estádio Olímpico, em Porto Alegre, e não conseguiu evitar o rebaixamento à Série B do Campeonato B
Publicado 02/12/2007 19:05
A queda fez o Corinthians terminar de maneira trágica o ano mais vergonhoso da história do clube, com problemas dentro e, principalmente, fora de campo. Em 2007, o Corinthians passou mais tempo nas páginas policias, com inúmeras denúncias que decaíram sobre o então presidente Alberto Dualib e seu vice, Nesi Curi, acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Em setembro, após muita pressão, Dualib renunciou e deixou o cargo depois de 14 anos no poder. Andrés Sanchez saiu vencedor na eleição e agora trabalha para reestruturar o clube, que tem uma dívida próxima dos R$ 100 milhões e ostenta uma torcida de 30 milhões de fiéis.
O rebaixamento é inédito na história do Corinthians. Mas o que o clube de Parque São Jorge vai enfrentar no próximo ano já aconteceu com muitas equipes consideradas grandes — entre elas, o Palmeiras.
O principal rival corintiano viveu o mesmo calvário na edição de 2002. À época, o time fez um campeonato muito ruim desde o começo. Na última rodada, o Palmeiras, que era dirigido por Levir Culpi, perdeu para o Vitória, no Barradão, por 4 a 3, e acabou rebaixado.
Os palmeirenses viraram os alvos preferidos de gozações, principalmente por parte dos corintianos. Agora resta saber se o Corinthians será tão rápido quanto o rival, que já conquistou o acesso no ano seguinte. O fato minimizou um pouco o vexame histórico vivido pelo time de Parque Antarctica e ainda revelou jogadores como Vágner Love.
Preparação
O rebaixamento virou uma realidade para os times chamados grandes. Nos últimos anos, equipes da tradição de Grêmio, Atlético-MG e Botafogo também foram parar na Série B, conseguiram se reerguer e voltaram.
“A equipe que não se prepara, não faz um planejamento correto, sempre corre risco”, já avisava o técnico Nelsinho Baptista antes da partida contra o Grêmio. “Por isso, tantas equipes de tradição, de camisa, estão sendo rebaixadas.”
O treinador tinha razão. O Corinthians, realmente, não se preparou corretamente para disputar o Brasileirão. A equipe foi praticamente remontada após o fracasso no Paulista, com contratações de qualidade duvidosa.
Endividado, o Corinthians apostou no bom e barato para montar a equipe que não conseguiu a permanência na elite do Brasileiro em 2008. Do time que disputou as 38 rodadas da primeira divisão da competição nacional, a base foi formada por reforços vindos de times das séries B e C do Brasileiro.
Além disso, foi perdendo jogadores importantes por negociação (como Marcelo Mattos e Willian) e por contusão (Marcelo Oliveira). Outros jogadores ainda chegaram na reta final — mas novamente sem qualidade suficiente para ajudar o Corinthians, que mudou de treinador três vezes. Isso sem contar os muitos problemas fora do campo, que acabaram interferindo no rendimento do time.
O rebaixamento do Corinthians não foi histórico apenas por seu o primeiro do clube. A equipe de Parque São Jorge também bateu um recorde ao cair à Série B apenas dois anos depois de conquistar o título no Serra Dourada. O time foi o campeão que mais rápido caiu na história do Campeonato Brasileiro, que teve sua primeira edição em 1971.