Perpétua: Brasil Telecom desrespeita consumidor
Auditoria do TCU confirma que Brasil Telecom desrespeita o consumidor. E, Tribunal dá prazo para empresa se adequar às exigências do usuário
Publicado 11/12/2007 21:57 | Editado 04/03/2020 16:10
Estão confirmadas as suspeitas levantadas pela deputada federal Perpétua Almeida sobre o serviço prestado pela Brasil Telecom no Acre. Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), a empresa tem 180 dias, contados desde a semana passada, para corrigir distorções graves na transmissão de Internet Banda Larga no Estado – principal motivo de reclamações dos usuários. A interrupção freqüente do sinal acarreta reclamações e prejuízos ao comércio em geral, às prefeituras, ao governo do Estado, aos estudantes e à imprensa, dentre tantos outros segmentos atingidos.
Por ordem do TCU, quando chegar março de
O acórdão 21092006, assinado pelo vice-presidente do TCU, ministro Guilherme Palmeira, revela que a empresa também descumpre suas metas de qualidade para a telefonia móvel, outro serviço que teve um crescimento vertiginoso nos últimos anos. A equipe de auditores entendeu que “a expansão das redes para comportar o ingresso de novos usuários não pode se dá em prejuízo da qualidade da prestação de serviços”, o que afeta diretamente clientes novos e antigos.
A inexistência de planejamento integrado é outra falta imperdoável, segundo a auditoria. “O processo de regulamentação não considera adequadamente as demandas (reclamações) da sociedade”, diz o documento. “Apesar de dez anos de serviço regulamentado, as distorções não vêm sendo tempestivamente corrigidas”, acrescenta. Num prazo menor – 30 dias – a Brasil Telecom estará obrigada a informar ao TCU quais critérios são adotados para definir o valor das multas aplicadas aos usuários.
O TCU investigou o contrato da Brasil Telecom com a União e também analisou, detalhadamente, o comportamento da agência reguladora, a Anatel, considerada culpada por não exercer sua obrigação de fiscalizar a atenção dada pela Brasil Telecom aos usuários.
Para provar que o interesse direto do consumidor não é levado em conta, a auditoria deixa claro que a Anatel não tem como foco aquele que usa e paga pelo serviço. Até mesmo o Comitê de Defesa dos Usuários, um braço da fiscalização que deve garantir, por lei, representantes da sociedade civil, foi desativado. Os auditores consideraram a fiscalização “limitada e insuficiente” e determinaram, ainda, que o comitê seja reaberto, assegurando a participação de clientes nas decisões conjuntas entre Anatel e Brasil Telecom.
A lei determina que a Anatel produza com freqüência aferições sobre o grau de satisfação do usuário. No entanto, de acordo com a auditoria, a operadora limitou-se a fazer, apenas, “uma pesquisa, como medida isolada, para retratar o que o cliente considera mais importante para atender suas necessidades. Esse tipo de deficiência, diz o acórdão, gerou outras impropriedades graves: “não são realizadas auditorias nos sistemas de faturamento” da Brasil Telecom, ficando evidente o descumprimento das obrigações contratuais.
Provocada a apresentar contraprovas, a Anatel alegou redução no seu orçamento desde 2004, o que, segundo a agência, inviabilizou o planejamento de fiscalização. Ao Ministério das Telecomunicações, o tribunal recomendou que seja revisto o contingenciamento sistemático de verbas destinadas a autarquias especiais, sob pena de agravamento da insatisfação popular e do descumprimento das normais técnicas previstas
O início de tudo
A fiscalização realizada agora pelo TCU no contrato de permissão da Brasil Telecom foi recomendada, há dois meses, pela Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara Federal. Por unanimidade, os parlamentares acataram a proposta de fiscalização apresentada pela deputada Perpétua Almeida. A época, o presidente da comissão, deputado Celso Russomano, entendeu que “o descumprimento das exigências legais é fato inconcebível no país”, e ameaçou estender a proposta de fiscalização a outros estados. No Acre, onde a Brasil Telecom é alvo de centenas de reclamações, o Procon e o Ministério Público acompanharam as investigações.
De Brasília: Assem Neto