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Ubes de gás renovado elege Ismael Cardoso seu novo presidente

Mostrando uma grande unidade da ampla maioria das forças que disputam o movimento estudantil, a chapa 4 ''Estudantes brasileiros por uma educação de qualidade'', obteve 705 votos, elegendo Ismael Cardoso, filiado a União da Juventude Socialista (UJS), par

Foram credenciados 940 delegados que tiveram direito a voto durante a Plenária Final. Deste total, 839 votaram. Quatro chapas se inscreveram para disputar a presidência da Ubes. Mostrando uma grande unidade da ampla maioria das forças que disputam o movimento estudantil, a chapa 4 ''Estudantes brasileiros por uma educação de qualidade'', obteve 705 votos dos votos, elegendo Ismael para estar à frente da entidade nos próximos dois anos.


 


A chapa 1 ''Luta Secundarista: por uma Ubes na escola, nas ruas'', que tinha como candidata a estudantes de São Carlos (SP), Clara Cerminaro, 16 anos, obteve 7 votos. A chapa 2 ''Rebele-se: a hora é essa. Educação como prática de liberdade'' lançou o nome do estudante carioca Gregório Gould, 21 anos, e computou 169 votos. Já a chapa 3 ''Juventude petista: a Ubes é pra lutar'' não apresentou um nome para concorrer e conseguiu 59 votos.


 


O novo presidente da Ubes agradeceu o apoio e a confiança da maioria dos estudantes na escolha do seu nome. Disse que ele apenas é mais um dentro de uma gestão que pretende traçar uma linha de vitórias daqui para frente. Chamando todas as forças políticas para pensar uma Ubes para o próximo período, ressaltou que o momento é de unificação de idéias em torno de um pacto em defesa da educação básica.


 


Ismael destacou o vitorioso 37º Congresso, que, segundo ele, conseguiu reunir as principais lideranças estudantis do país com objetivo de formular propostas para fortalecer a Ubes e criar condições da entidade colocar cada vez mais estudantes nas ruas para pressionar pelas mudanças de que o país precisa.


 


Propostas


 


Desde a quinta-feira (6) os jovens de todos os estados brasileiros, com idades entre 15 e 22 anos, contagiaram a cidade coma disposição e irreverência do movimento estudantil. Após debates, grupos de discussões, e acaloradas disputa de idéias, eles elaboraram propostas que foram votadas e aprovadas na Plenária Final do 37º Conubes.


 


São resoluções que reafirmam a luta da entidade pelo Passe Livre, por mais investimentos na educação básica, em defesa de uma escola mais crítica e reflexiva e pela unidade do movimento social na construção de um projeto de desenvolvimento nacional que tenha os estudantes como protagonistas


 


Uma novidade aprovada neste 37º Conubes e que combate o machismo dentro do movimento estudantil é a reserva de 30% das vagas da diretoria da entidade para mulheres.


 


Despedida


 


O ex-presidente da Ubes, Thiago Franco, emocionou-se na Plenária Final ao fazer a sua despedida. Disse que sentirá falta da disposição em mudar o mundo que ele sempre vê em cada um dos jovens ali presentes. ''Vendo essa plenária lotada, com certeza já dá uma saudade desta energia que é incrível. O pessoal fica quatro dias pulando, discutindo, cantando, dançando, pensando um país melhor e mostrando que a juventude está, sim, interessada em intervir nesta realidade'', falou.


 


Em entrevista ao EstudanteNet fez questão de destacar o papel de todos os diretores que estiveram juntos na gestão que se encerrou. ''O trabalho em parceria teve conquistas históricas, como a retomada do terreno na Praia do Flamengo. Tenho a certeza de que a próxima galera vai dar continuidade a muita coisa conquistada nesses dois últimos anos'', despediu-se.


 


Perfil do novo presidente da Ubes


 


Com rápida ascensão no movimento estudantil, o estudante carioca de 21 anos que presidirá a Ubes no aniversário de seus 60 anos diz que a juventude brasileira continua rebelde, querendo fazer política do seu próprio jeito


 


Até chegar à presidência da Ubes, tudo aconteceu muito rápido na vida do carioca Ismael. Ele terá o desafio de conduzir, pelos próximos dois anos, a entidade que representa cerca de 50 milhões de estudantes secundaristas do Brasil. Aluno de um cursinho em São Paulo, aspirante ao curso de Economia, não tem histórico de militantes ou políticos na família: ''Na verdade me apaixonei por isso tudo aos 14 anos, folheando um livro de história emprestado da minha irmã'', disse.


 


Dessa primeira apresentação à revolução cubana, Che Guevara e Fidel Castro, até a participação no grêmio da sua escola –o tradicional colégio Visconde de Cairu– foi um passo. Na verdade, entre 2002 e 2004, concorreu a três eleições para a presidência do grêmio. Perdeu as três, mas levou numa boa: ''No movimento estudantil, aprendemos muito a respeitar o contraditório e a valorizar a saudável disputa de idéias. Perdendo ou ganhando, o que importa é construir consensos'', diz.


 


Mas não foi só o espírito político que Ismael aprendeu nesse período. Quando perguntado sobre dois livros que considera favoritos manda logo dois autores de economia: Celso Furtado e Caio Prado Júnior. Apesar de demonstrar um interesse acima do comum por esses temas, em relação aos outros jovens de sua idade, garante que não é ''cabeção''. Como bom-carioca, no futebol prefere o Vasco, no carnaval é Salgueiro e, no samba, vai de Cartola e Paulinho da Viola.


 


Ainda enquanto aluno do Visconde de Cairu, Ismael se aproximou de uma galera animada com a reconstrução da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (Ames-RJ), era a turma da União da Juventude Socialista (UJS) que se mobilizava para retomar a entidade que havia passado por um período sem atividades. Desse envolvimento, veio o convite para assumir, em 2004, o cargo de diretor de Políticas Educacionais da entidade.


 


Sua liderança o levou a ser eleito coordenador-geral das Ames em 2005. A gestão se destacou por ter reorganizado o movimento estudantil secundaristas no estado do Rio de Janeiro. A bandeira principal foi a luta em defesa do Passe Livre, com passeatas e muita pressão sobre os empresário do transporte público.


 


Passe Livre na Ubes


 


No final de 2005, participou do seu primeiro Congresso da Ubes, que elegeu o amigo Thiago Franco para a presidência. Foi também neste 36º Congresso que ele se viu de frente com um novo desafio: então com 19 anos, eleito para assumir a diretoria de Políticas Educacionais da Ubes, teve que deixar a Coordenação da Ames e se mudar para São Paulo, onde fica a sede nacional da entidade.


 


Já no começo da gestão, ajudou a construir um dos maiores movimentos da Ubes: o Dia Nacional de Luta Pelo Passe Livre, em 22 março de 2006. Essa série de manifestações reuniu, simultaneamente, cerca de 200 mil estudantes nas ruas em praticamente todas as capitais do país. A manifestação intensificou e tornou nacional o debate sobre o Passe Livre. Ao longo da gestão, acabou assumindo uma das funções de maior responsabilidade da Ubes: a tesouraria.


 


Proposta


 


Ismael se mostra seguro. Ele acredita que a Ubes pode, no próximo período, coordenar uma grande mobilização, em conjunto com os movimentos sociais brasileiros, em defesa de um pacto nacional pela educação. ''As condições políticas são ideais para criar uma convergência numa ampla e unificada campanha, recolocando a educação básica como fator estratégico de desenvolvimento para o país'', diz.


 


Para a escola, defende uma reforma curricular que passe a priorizar a formação humana e reflexiva do estudante, com a implantação de gestões democráticas nas instituições. Considera o vestibular um processo injusto de seleção, que deve aos poucos ser substituído por uma nova forma de ingresso no ensino superior. ''Isso deve ser muito pensado com todos os movimentos ligados à educação'', diz.


 


Repudia e promete derrubar a proposta de redução da maioridade penal, quer ver um investimento de 7% do PIB na educação e diz que vai lutar pela ampliação da reserva de vagas, nas universidades federais, para alunos da rede pública de ensino.


 


Pretende, ainda, priorizar a diversificação das pautas do movimento estudantil secundarista, trazendo para mais perto do estudante o debate de temas como a luta contra a homofobia nas escolas, a superação do machismo no movimento, a liberdade do conhecimento com a defesa do software livre e o combate ao racismo. ''Isso sem perder de vista o caráter de enfrentamento que os estudantes secundaristas sempre tiveram, ampliando as mobilizações de rua e mantendo sempre a irreverência características da juventude'', ressalta.


 


Com muita coisa para falar e cheio de vontade de fazer, o presidente dos 60 anos da Ubes (que serão completados em 25 de julho de 2008) é uma prova de que a entidade continua revigorada, assim como a juventude brasileira, tão injustamente criticada. Teve ascensão rápida no movimento estudantil e garante que sua geração não é menos rebelde que outras: ''A mídia tenta mostrar para o estudante que política é só o que se faz de errado na Câmara e no Senado, mas a política é muito mais. O jovem brasileiro quer fazer política do seu próprio jeito'', afirma.