Dança: Movimento à beira-mar

Depois de uma edição revigorada da Bienal Internacional de Dança em outubro último, artistas e públicos da dança no Ceará comemoram a chegada de mais uma maratona de apresentações, oficinas, seminários e debates. É o Festival de Dança do Litoral Oeste que

“O Festival do Litoral Oeste é a prova de que, no Ceará, a dança não é privilégio nem exclusividade da Capital. Claro, em Fortaleza, existe uma tradição mais forte, mas isso não pode representar nenhum monopólio. Quanto maiores as possibilidades de descentralização, acredito, mais a dança no Ceará sai fortalecida”, argumenta Cláudia Pires. Tanto é assim que toda a grade de atrações do evento foi articulada para atender as demandas dos três municípios que a mostra percorre. “A programação não é fruto de um pensamento de dança, mas, sim, de uma demanda de dança. Ninguém sai de Fortaleza para o Interior com um formato fechado. Cada cidade identifica suas necessidades e a partir disso procuramos contemplar as propostas dentro do orçamento com o qual estamos trabalhando”, destaca Cláudia Pires.


 


 


Diversidade em cena


 


 


O II Festival de Dança do Litoral Oeste destaca em sua segunda edição um mix de linguagens e estéticas que preza pela abrangência. Tem um pouco de tudo. Tem balé clássico, tem hip hop, tem sapateado, tem dança de salão, afro, danças populares. Segundo Cláudia Pires, coordenadora artística do evento, conseqüência natural do investimento na sedimentação do maior número possível de informações e técnicas pela região do chamado Vale do Curu, onde estão localizados os municípios de Paracuru, Trairi e Itapipoca.


 


 


Entre as atrações, está a Focos Cia. de Dança (RJ). Capitaneada pelo coreógrafo Alex Neoral, o grupo apresenta dois trabalhos: “Outro Lugar” e “Quase Uma”. De quebra, Neoral ministra residência coreográfica para os alunos da Escola de Dança de Paracuru, projeto desenvolvido pelo bailarino Flávio Sampaio — uma das principais e mais queridas referências da dança cearense, com passagem pelos mais destacados corpos de baile e escolas no Brasil e no exterior — em sua cidade natal. Têm lugar garantido na programação, os pernambucanos Helder Vasconcelos e Ivaldo Mendonça e ainda os norte-americanos Steven Harper e Bruce Henri.


 


 


Quem vive e cria pelas bandas do Vale do Curu festeja o processo de consolidação do Festival de Dança do Litoral Oeste. O bailarino e coreógrafo Gerson Moreno, um dos fundadores da Cia. Ballet Baião, grupo em atuação há 12 anos na cidade de Itapipoca, afirma que hoje o cenário da dança no Interior cearense é mais dinâmico e valorizado. Com passagem pelo Colégio de Dança do Ceará, do extinto Instituto Dragão do Mar, ele destaca que a mostra tem sido decisiva para o fomento de um circuito local.


 


 


“Hoje existe um movimento de dança rico no Interior. Aos poucos, temos conseguido fortalecer um público para as nossas produções e também uma atenção dos gestores em estimular uma criação mais descentralizada”, avalia. Para Gerson Moreno, o desafio agora é avançar na garantia de acesso às mais diferentes linguagens para que se mature um conhecimento maior de dança. Sendo assim, que venham outros tantos festivais.


 


 


Fonte: Diário do Nordeste