''Temos que extirpar falsos peemedebistas'', diz João Arruda
O secretário-geral do PMDB do Paraná, João José de Arruda Júnior, é um reconhecido organizador partidário no meio político. É ele quem encaminha ''as discussões internas e zela pela ideologia do velho 'MDB de guerra', sempre apoiado pelo governador Robert
Publicado 25/12/2007 20:09
O trabalho desenvolvido pelo jovem Arruda vem dando mais vida orgânica ao partido e, hoje, a presença da militância da agremiação nas entidades dos movimentos populares é vista a olhos nus. Na opinião do peemedebistas, ''João Arruda é um dirigente partidário impar que consegue conjugar firmeza e sensibilidade nas decisões políticas''. O PMDB é o único partido político a estar presente – e organizado – em todos os 399 municípios paranaenses.
Em 2006, Arruda esteve à frente das negociações que levaram o partido a apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o idealizador do ''Protocolo de Intenções'' assinado em abril deste ano, cujo acordo consiste no apoio mútuo entre PMDB, PT e PCdoB nas eleições municipais de 2008. Isso significa que nos municípios em que o PT e o PCdoB estejam mais fortes serão apoiados pelos peemedebistas, e vice-versa. ''São muito justas as contrapartidas políticas'', defende.
João Arruda também comemora a aprovação da fidelidade partidária no país. Para ele, a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confirmou que os mandatos pertencem aos partidos e não aos políticos, é fundamental para o fortalecimento da democracia e o respeito da vontade do eleitor. A seguir, leia a entrevista em que João Arruda faz um balanço político do ano e afirma que ''em 2008 teremos de extirpar os falsos e privilegiar os peemedebistas históricos''.
Leia abaixo a entrevista.
O governador Roberto Requião defendeu um amplo acordo político entre PMDB, PT, PCdoB e PV nas eleições de Curitiba. É possível viabilizá-lo?
João Arruda – O acordo está em pleno andamento. Desde abril deste ano já estamos conversando com o PT e o PCdoB. Assinamos um protocolo de intenções que deverá ser estendido ao PV. Acho que obteremos sucesso na nossa tática eleitoral.
O acordo protocolar poderá avançar para candidatura única?
JA – Em Curitiba, não. Precisamos fragmentar o eleitoral para forçar o segundo turno na capital. Na segunda etapa eleitoral todos se unirão em torno de um programa comum. As candidaturas dos partidos do nosso campo político são candidaturas irmãs.
Em quais outros municípios têm validade o protocolo de intenções?
JA – Em todos os 399 municípios paranaenses. Nos locais aonde as eleições ocorrerão apenas no primeiro turno estamos orientando para que haja entendimentos imediatos.
É apenas um acordo político-eleitoral?
JA – Absolutamente. É um acordo de idéias. Historicamente, o PMDB tem afinidades ideológicas com o PCdoB e o PT. Trata-se de um reencontro de idéias e de sonhos em defesa de uma sociedade mais justa e fraterna.
Quem será o candidato do PMDB em Curitiba?
JA – O PMDB tem cinco pré-candidatos. Todos eles estão altamente qualificados. A direção estadual estimula a democracia interna com os debates entre os postulantes à vaga pela corrida pela prefeitura. Agora, caberá à militância e as instâncias dirigentes definirem quem vai empunhar a bandeira peemedebista na sucessão do prefeito Beto Richa (PSDB).
Como é feito o monitoramento ''ideológico'' das alianças no Paraná?
JA – Em setembro passado o PMDB criou o programa ''Fala Companheiro'', que faz parte do Plano de Trabalho Eleitoral (PTE). A partir daí estamos analisando caso a caso as possibilidades de alianças nos principais municípios do estado, as reivindicações e as dificuldades políticas percebidas pelos filiados da agremiação. De posse dessas informações, estamos construindo as propostas e os programas de governo para os candidatos do partido em 2008, bem como os entendimentos eleitorais.
O PMDB do Paraná foi a primeira agremiação a solicitar de volta o mandato de um infiel, que trocou de partido. A guerra aos infiéis continua?
JA – Fidelidade partidária é uma questão de princípios para nós. Quando o PMDB solicitou de volta o mandato do vereador de Guarapuava Osdival Gomes da Costa, em abril, o fez para provocar a discussão nacionalmente. A repercussão foi muito grande e levou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a decidir que os mandatos pertencem aos partidos e não aos políticos. Ao fortalecermos os partidos políticos também estamos fortalecendo a democracia e respeitando a vontade do eleitor.
No começo deste mandato do governador Requião houve um embate direto com os setores denominados fisiológicos. Há ainda esta discussão?
JA – Enquanto houver individualismo, sim. O Fisiologismo é uma praga, pois a política de cada um segundo suas próprias forças está errada e vai contra a idéia de um projeto coletivo. Sou favor da solidariedade e da cooperação.
O apoio dado pelo PMDB do Paraná à reeleição do presidente Lula, em 2006, se repetirá ao PT em 2010?
JA – Em novembro reunimos quatros estados (SP, PE, RS e PR) e definimos que vamos construir um programa para o PMDB em 2010. Especificamente quanto ao governo Lula, vamos criticar tudo aquilo que for ruim e vamos enaltecer as qualidades da administração. Apresentaremos também as alternativas. Mas quero afirmar, de antemão, que tem muita coisa boa acontecendo no governo Lula.
Dentro do partido, qual o nome mais provável para a sucessão de Lula?
JA – O PMDB é o maior partido do Brasil. Por isso é natural que tenha diversidade de opiniões e de lideranças. Acho que temos vários nomes para disputar a presidência. Mas a discussão principal não é a de nomes, mas sim a de projeto de nação. Ou rompemos com o neoliberalismo ou fiquemos no atual estado de coisas.
Qual o balanço de 2007?
JA – Politicamente, 2007 foi um bom ano para o PMDB. Nós conseguimos fortalecer o partido em todos os municípios paranaenses e estamos melhor preparados para a batalha eleitoral. O nosso desafio consiste em ganhar as eleições do ano que vem nos grandes centros e manter nos pequenos. Afinal, ainda somos uma agremiação dos grotões.
Do ponto de vista organizativo, que almeja o PMDB para 2008?
JA – É um desabafo. É muito difícil administrar um partido que governa o estado. A gente acaba sendo muito assediado pelos políticos fisiológicos, que querem ficar muito próximo ao poder, e acabamos deixando de lado companheiros históricos. Isto terá de ser revisto em 2008. Temos de extirpar os falsos [fisiológicos] e privilegiar os peemedebistas históricos.
Fonte: Assessoria de imprensa do PMBD