Messias Pontes: Acreditar no povo para derrotar o inimigo ( II )

A derrubada da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pela oposição liberal-conservadora e sobretudo irracional, que abre um rombo de R$ 40 bilhões somente este ano, tem dois objetivos muito claros: primeiro sangrar o governo do presidente Lula para que os programas sociais não tenham continuidade e assim ele chegue às eleições debilitado; segundo, retirar do caminho o maior instrumento de controle da sonegação. 

A derrota do Governo, no mês passado, deu fôlego à oposição para avançar no desmonte dos programas sociais e tomar a iniciativa para ter sempre uma opinião publicada, em desrespeito à opinião pública. Com a poderosa arma da mídia nas mãos, a canalha neo-udenista agora, como no passado a carcomida canalha da UDN, sempre esteve ao lado das elites mais retrógradas tramando contra a democracia, os trabalhadores, a soberania nacional e os mais elementares princípios dos direitos humanos. 

Essa gente, ao longo da história, sempre esteve contra os interesses nacionais e do povo trabalhador, em especial nas quatro tragédias que atingiram em cheio a sociedade brasileira: foi assim durante todo o período da escravidão, durante o Estado Novo, durante a ditadura militar e principalmente durante a década perdida com o neoliberalismo – dois anos do Fernando Collor de Mello e oito do desgoverno do outro Fernando, o Coisa Ruim, que institucionalizou a corrupção endêmica no País com o fim da Comissão Especial de Investigação (CEI), criada pelo então presidente Itamar Franco para apurar denúncias de desvio de conduta no âmbito do governo federal. 

Com o apoio da mídia conservadora, venal e golpista e dos seus articulistas e colunistas amestrados – legítimos herdeiros daqueles que eram bem pagos pela Standard Oil para difundir que no Brasil não existia petróleo – a direita sempre usou a mentira como arma e assim desinformar a maioria do povo para manter o seu domínio.

Os senadores do DEMO e do PSDB mentem desbragadamente quando dizem que o fim da CPMF foi uma vitória do povo brasileiro. Na realidade foi uma grande derrota do governo e do povo trabalhador e uma vitória dos que querem desmontar os programas sociais, como o Bolsa Família, e principalmente dos sonegadores. Quando foi possível cruzar os dados com o Banco Central, a Receita Federal descobriu que dos 100 maiores contribuintes da CPMF, 62 nunca haviam pago imposto de renda no Brasil. 

Visando diminuir o impacto da perda de R$ 40 bilhões, o presidente Lula decidiu elevar a alíquota de dois tributos: o primeiro incide sobre o lucro dos bancos, a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e o outro sobre operações financeiras (IOF). Isso vai cobrir tão somente 25% do prejuízo, ou seja, R$ 10 bilhões.  

A canalha neo-udenista, que na época da ditadura militar defendia o arrocho salarial, a proibição de greves das classes trabalhadoras, a prisão, tortura, banimento e morte de democratas, e vendia a alma aos interesses alienígenas para manter os próprios privilégios, agora quer “pintar” de defensora dos interesses dos trabalhadores. Quanta hipocrisia! Na realidade, esses hipócritas estão defendendo os superlucros dos banqueiros, que são os que mais ganham dinheiro neste País nas últimas décadas. Mentem tucanos e demos quando afirmam que o aumento da CSLL será repassado para os clientes.  

A situação criada pela oposição irracional com a não prorrogação da CPMF é muito mais grave do que imagina a maioria dos brasileiros. Se não houver algum tipo de compensação financeira para suprir a falta de verbas da CPMF, a saúde no Brasil pode entrar em colapso a partir do próximo mês de março. Esta afirmação foi feita pelo secretário-executivo do Fórum Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, o médico cearense Jurandi Frutuoso. 

O presidente Lula precisa urgentemente mobilizar a nação para barrar a sanha criminosa dessa direita irracional. A democracia precisa ser ampliada, e isto só é possível com o povo nas ruas. O melhor exemplo é o segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, quando o presidente Lula, que estava ameaçado de perder as eleições, decidiu mostrar quem era o candidato tucano-pefelista Geraldo Alckmin, e o perigo do projeto que este defendia.  

Se o presidente Lula tivesse permanecido na defensiva, acossado pela grande mídia burguesa que levou as eleições para o segundo turno, certamente teria perdido a eleição e propiciado o maior retrocesso político. O povo tem sido generoso com o presidente Lula até quando este comete seus equívocos, e nunca deixou de atender ao seu chamado nas poucas vezes que isto aconteceu.  

O presidente Lula, com a credibilidade que tem junto às massas trabalhadoras e ao povo em geral, está na obrigação de vir a público, através de cadeia de rádio e televisão, quantas vezes se fizer necessário, para mostrar que os responsáveis pelo caos na saúde são os senadores tucanos e demos; é preciso mostrar que todos os 27 governadores e os 5.560 prefeitos de todo o País, inclusive os de oposição ao governo, queriam a prorrogação da CPMF e para tanto pressionaram os seus senadores, mas estes preferiram se apequenar e votar contra o povo e o País. 

O presidente Lula sabe que não terá vida fácil até o final do seu mandato. O Coisa Ruim seu antecessor, que deveria estar recolhido a uma prisão de segurança máxima, juntamente com a sua súcia, pelos crimes de lesa-pátria, tudo fará para que o seu desgoverno não seja comparado ao governo do presidente Lula em todos os pontos. A vaidade extremada do ex-sociólogo não permite que o macacão de um ex-operário metalúrgico seja infinitamente mais importante que a sua beca de “catedrático”.  

Ninguém fala mais, mas é importante as forças democráticas lembrarem sempre toda a pequenez dos tucanos e demos. Num passado muito recente elegeram Severino Cavalcanti presidente da Câmara dos Deputados sabendo que ele não reunia s condições indispensáveis para presidir aquele Poder. O fizeram com o fito de desmoralizar a Câmara e usar Severino Cavalcante para prejudicar o governo, procrastinando as matérias do interesse da Nação.

O presidente Lula não tem o direito de se omitir diante da gravidade do momento. Ele não tem na oposição liberal-conservadora adversários, mas sim inimigos. Pela primeira vez na história a saúde no Brasil teria os seus recursos duplicados, mas isto deixou de acontecer por irresponsabilidade e irracionalidade demo-tucana. Isto tem de ser mostrado aos brasileiros. Esta é também uma tarefa de todos os democratas e patriotas. 

Os inimigos do Brasil estão ameaçando impedir a votação do Orçamento de 2008 – que deveria ter sido aprovado no ano passado – e dizendo abertamente que vão destruir o governo e o presidente Lula. Essa gente só recua com o povo nas ruas. Foi assim em vários momentos e principalmente durante o processo de impeachment de Collor de Mello, e mais recentemente no segundo turno das eleições presidenciais de 2006 com a fragorosa derrota das forças do atraso. 

A história está prenhe de exemplos do poder da força do povo. Povo nas ruas é como água de serra a baixo e fogo de serra acima, ninguém segura. O povo está disposto a mais uma vez colorir as ruas de todo o País de vermelho com faixas e bandeiras para garantir o avanço das mudanças que se fazem necessárias. Presidente Lula, é preciso acreditar na força do povo para derrotar o inimigo. 

Messias Pontes é jornalista