Pequim sedia fórum internacional de sindicatos
Abriu-se nesta segunda-feira (7), em Pequim, o Fórum Internacional “Globalização Econômica e Sindicatos 2008”. O presidente da China, Hu Jintao, assistiu à cerimônia de abertura, onde afirmou que os sindicatos de diferentes países devem discutir juntos po
Publicado 10/01/2008 20:22
Desde 2004, a Federação Nacional de Sindicatos da China (FNSCh)e suas organizações regionais promoveram três fóruns sindicais internacionais de intercâmbio e discussões sobre a globalização econômica e os sindicatos. Os eventos tiveram uma influência positiva no movimento sindical internacional.
Hu Jintao fala aos sindicalistas
“O presente fórum é importante para elevar o entendimento recíproco e a cooperação entre os sindicatos de diferentes países, melhorar o desempenho dos sindicatos no desenvolvimento sócio-econômico e impulsionar o desenvolvimento sadio do movimento sindical internacional”, disse o presidente da República Popular da China.
O tema principal do fórum é “Desenvolvimento sustentável, emprego digno e a função dos sindicatos” – que são os problemas que têm causado mais preocupações entre os operários e sindicatos de todo o mundo. O presidente chinês valorizou grandemente este ponto e sublinhou a importância de alcançar o desenvolvimento sustentável e o emprego digno, conforme os interesses fundamentais e o desejo comum de todos os trabalhadores.
Hu declarou que insistir no caminho do desenvolvimento civilizado, caracterizado pelo impulso da produção, por uma vida mais próspera e um bom ambiente ecológico, alcançar o desenvolvimento sócio-econômico sustentado e criar um entorno ecológico benéfico à vida e ao labor dos trabalhadores de todo o mundo são o objetivo fundamental do desenvolvimento sustentado e um requisito prévio para o emprego digno. Disse também que emprego digno é não só uma exigência de se tomar o ser humano como o fundamental, e um reflexo do espírito da época, mas também um importante elemento de respeito e proteção aos direitos humanos.
A maior central sindical do mundo
Maior entidade sindical do mundo, a Federação Nacional de Sindicatos da China conta com um total de mais de 193 milhões de membros e 1,5 milhão de entidades sindicais filiadas. Desde sua fundação, tem tomado inúmeras medidas de salvaguarda dos direitos e interesses dos trabalhadores, para que possam melhor desfrutar dos resultados do desenvolvimento sócio-econômico do país.
O fórum, com dois dias de duração, teve a participação de mais de 60 líderes de sindicatos provenientes da China, Índia, Cuba, México, Argentina, Portugal e outros países. Os presentes desenvolveram profundas discussões e intercâmbios sobre temas como o desenvolvimento sustentado e a justiça social.
“FNSCh e a FSM têm o triplo dos membros da CSI”
O fórum contou com a decisiva colaboração da FSM (Federação Sindical Mundial). O secretário-geral da central mundial, George Mavrikos (da Grécia), afirmou durante o evento que “a FSM acredita neste fórum. Nossa posição é que o movimento sindical tem o dever de participar ativamente dos acontecimentos mundiais, deve estudar a situação, fazer a sua própria análise e apresentar as suas propostas. Mantemos relações fraternais com a FNSCh e reconhecemos o papel que desempenha em benefício do dos trabalhadores da República Popular da China. As relações fraternais entre as duas organizações vão se fortalecer cada vez mais, pois são uma necessidade de nossos tempos”, afirmou.
Mavrikos observou que, “unidas, a FNSCh e a FSM têm o triplo dos membros da CSI”, referindo-se à Confederação Sindical Internacional, fundada em Viena em 2006. “É necessário expressar esta correlação de forças em todos os fóruns internacionais e em todas as organizações internacionais. Isto significa democracia, igualdade e transparência”, agregou.
Mais adiante o dirigente sindical grego comentou: “Vivemos uma era complicada. As características básicas desta era são a grande desigualdade econômica, a enorme pobreza para muitos e a acumulação de riqueza em massa por parte de uns poucos. Há alguns meses, a universidade UNE-Wider, de Helsinque, anunciou os resultados de um estudo mostrando que 2% dos habitantes da Terra possuem 60% da sua riqueza. O estudo também destaca que as desigualdades entre ricos e pobres aumentam a cada ano. O poder econômico se concentra cada vez mais nas mãos de umas poucas companhias monopolistas internacionais. Em apenas um ano ocorreram 6.134 fusões dessas grandes empresas. A concentração econômica reforça a pressão política e militar que as multinacionais exercem sobre governos e Estados”, disse o sindicalista.
“Precisamos de sindicatos com orientação de classe”
O secretário-geral da FSM prosseguiu: “Neste ambiente internacional, o papel das organizações internacionais é muito específico. A classe trabalhadora mundial e todos os povos estão preocupados e confundidos com o papel da ONU nos últimos 15 anos. As mudanças na correlação de forças mundiais levaram a ONU a legalizar todas as atividades ilegais dos Estados Unidos. Por outro lado, a situação da OIT (Organização Internacional do Trabalho, um organismo das Nações Unidas) não é boa. Falta igualdade, objetividade, justiça. Hoje a OIT se converteu em escrava da CSI. Nas próximas eleições do Conselho de Administração da OIT, em 2008, a FSM exigirá uma representação coletiva e também transparência nas eleições”, adiantou.
“Nossa sociedade, no capitalismo, nunca esteve separada da luta de classes. Com essa avaliação, acreditamos que precisamos de sindicatos com orientação de classe. Que os sindicatos sejam não uma parte do mecanismo capitalista, mas uma ferramenta útil aos trabalhadores. Sindicatos independentes das transnacionais e monopólios, que lutam por alianças com o camponês pobre, o intelectual progressista e o autônomo. Sindicatos que unirão os trabalhadores segundo a sua classe e os seus interesses, numa unidade para lutar contra o capital. Que não só organizará lutas econômicas, mas pretenderá conseguir a abolição da exploração do homem pelo homem”, disse ainda Mavrikos.
“Por fim, permita-me informá-los”, concluiu Mavrikos, “que a trajetória ascendente iniciada pela FSM depois do seu 15º Congresso vai continuar. Avançamos através da ação e da iniciativa, com uma análise moderna e uma estratégia clara para o presente e o futuro. Esta trajetória ascendente da FSM nos últimos dois anos foi confirmada com a filiação de 47 novas organizações e a aquisição de muitos novos amigos”, afirmou.
Com informações do portal da FSM (www.wftucentral.org); intertítulos do Vermelho