Movimentos se preparam para Dia de Mobilização e Ação Global
Milhares de homens e mulheres, integrantes de organizações, redes, movimentos sociais e sindicatos, de todas as partes do mundo, realizam no dia 26 de janeiro um ato global para mostrar que um outro mundo é possível. Trata-se do Dia de Mobilização e Ação
Publicado 22/01/2008 20:26
As manifestações ocorrem na mesma data em que, em Davos, na Suíça, as elites promovem o Fórum Econômico Mundial. “Com isso, no dia 26, o velho mundo, representado pelos produtores de violência, exploração, exclusão, pobreza, fome e aquecimento global do Fórum Econômico Mundial será confrontado por um outro mundo possível, defendido pelas organizações da sociedade civil componentes do Fórum Social Mundial”, diz a convocatória do FSM.
Nesta terça-feira (22), pelo menos 20 entrevistas coletivas de imprensa anunciaram os detalhes do ato social. Foram realizadas coletivas em países como Estados Unidos, Suíça, Índia, Iraque, Itália, Bélgica, Brasil, México, Cuba, Palestina, Filipinas, Coréia do Sul, Líbano e Espanha. Outras organizações ainda devem realizar eventos para apresentar as ações em seus respectivos países.
Segundo o sítio do FSM 2008, já foram apresentadas mais de 430 atividades em 83 países. Haverá debates, protestos, marchas, encontros, discursos, exibição de vídeos e filmes, apresentações de teatro e música, conferências e intervenções culturais – gestos que vão conectar simultaneamente o global e o local, expressando as múltiplas vozes da diversidade mundial.
Os temas também variam. A programação inclui, por exemplo, atos em defesa do meio ambiente, contra a pobreza, em defesa do consumidor, pelos direitos humanos, contra a propriedade privada e a favor do software livre.
Na cidade de São Paulo, dois eventos sobressaem. Mais de uma centena de instituições sociais e grupos culturais passarão o dia expondo seus trabalhos no Centro de Eventos do Colégio São Luis. Já nos palcos do Sábado-Feira, ocorrem apresentações musicais, de poesias, performances e teatro. Também estão programadas rodas de conversas sobre os temas que mobilizam a rede do Fórum Social Mundial.
Nas ruas do centro da maior capital sul-americana, um ato político-teatral será realizado. A encenação é inspirada na peça Rei Lear, de William Shakespeare. A partir das 12 horas, artistas, ativistas e movimentos sociais se concentram em três locais diferentes do Centro e, duas horas depois, se reúnem em frente à Prefeitura. Às 15 horas, todos se dirigem para a Praça Ramos de Azevendo, em frente ao Teatro Municipal, para o ato político de encerramento das atividades.
Outras cidades
Em Belém (PA), a agenda é das mais amplas. Haverá celebração, oficina sobre a legislação existente sobre rádios comunitárias e a criação de produtos a partir de material reciclado. Também acontece a primeira reunião das irmandades do norte do Brasil, discussões sobre feminismo, segurança alimentar e nutricional, sustentabilidade e soberania. A história local está contemplada com uma oficina sobre identidade histórica do povo paraense e uma palestra sobre o movimento estudantil no Pará.
Dois atos políticos foram agendados. O primeiro será contra a criminalização de rádios comunitárias e pela democratização dos meios de comunicação, enquanto o segundo protestará contra a construção de uma hidrelétrica em Belo Monte. Também em Belém, acontecerá uma palestra sobre instrumentos disponíveis à contestação social, além de debates sobre a presença da mulher no FSM e sobre socialismo no século 21.
O Dia de Mobilização e Ação Global terá grandes manifestações em Curitiba, especialmente na Boca Maldita, onde ocorre o principal ato, a partir das 9 horas. Entre esses eventos, está a campanha pela homologação dos diplomas dos estudantes brasileiros de medicina formados em Cuba, que está sendo discutido no Senado.
Às vésperas de abrigar, em abril, a próxima edição do Fórum Social do Mercosul, a capital paranaense destacará a luta pela integração latino-americana, pela paz e contra a política imperialista do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. “A luta pela ação global deve valorizar a integração regional, não só no sentido econômico como também em termos culturais e sociais. Este é o nosso princípio”, declara ao Vermelho Joel Benin, membro da coordenação do Fórum Social do Mercosul.
Não por acaso, Curitiba tem diversas apresentações culturais marcadas para a celebração. “A idéia é que o dia 26 seja um dia criativo, cheio de atividades que promovam a solidariedade entre os povos”, diz o diretor do Núcleo Cebrapaz Paraná, Francisco Manoel de Assis França, o professor Kico. Um dia antes, na sexta-feira 25, terá lugar a campanha “Uma gota de sangue pela paz”. Segundo Kico, será uma atividade articulada com o hemocentro de Curitiba para incentivar a doação de sangue.
FSM
O Fórum Social Mundial é um espaço aberto a movimentos sociais, redes, ONGs, sindicatos, para debaterem democraticamente idéias e alternativas, formular propostas, compartilhar experiências e organizar redes efetivas de ação. Essas organizações da sociedade civil se opõem ao neoliberalismo, a um mundo dominado pelo capital e a todas as formas de imperialismo.
Desde 2001, quando foi realizado pela primeira em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o FSM é um processo permanente, com etapas realizadas em todos os continentes. Sua última edição global ocorreu em Nairóbi, capital do Quênia. Em 2009, um novo encontro global será realizado, desta vez na cidade de Belém, capital do Pará, que organizou edições do Fórum Social PanAmazônico.
Da Redação, com agências e sites de entidades