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Para economistas, crise dos EUA já afeta a União Européia

A economia européia pode estar começando a sofrer os danos colaterais da crise do créditos imobiliários dos Estados Unidos. Os bancos já estão mais restritivos na hora de conceder empréstimos, a produção industrial está encolhendo e a confiança do investi

“Há uma clara tendência de retração na economia neste momento”, disse Michael Schubert, economista do Commerzbank, em Frankfurt. A produção industrial na zona do euro vem perdendo força por causa da alta dos custos com a energia, pressionando os preços do aquecimento dos lares e dos transportes. Os preços dos alimentos também tiveram uma alta sensível em relação ao ano passado.



Segundo o ministro das Finanças de Luxemburgo, a Comissão Européia poderá rever as projeções de crescimento da região para este ano de 2,2% para 1,8% – o que seria o menor ritmo desde 2005.



Pelo menos até agora, o banco vem se recusando a seguir os passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco da Inglaterra em baixar as taxas de empréstimo, apesar da disseminação do contágio da recessão no setor imobiliário americano. O BC europeu alega que a pressão inflacionário está num nível muito elevado para cortes nos juros.



O problema adicional para a economia da Europa é que os setores industrial e de serviços provavelmente terão os menores crescimentos desde 2005. Além disso, a confiança do empresariado da Alemanha – a maior economia da região – deverá cair para a menor marca dos últimos dois anos.



Nesta segunda-feira (21), o índice europeu Dow Jones Stoxx 600 Index teve sua maior queda desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A queda – que atingiu outros mercados pelo mundo, incluindo o brasileiro – foi registrada depois da pior semana em cinco anos das bolsas americanas e depois de o presidente dos EUA, George W. Bush, ter anunciado um pacote de US$ 150 bilhões para reavivar a economias – medida vista como insuficiente para afastar os riscos de uma recessão.



Desaceleração



Mas apesar do pessimismo de alguns setores em relação à Europa, comissário para Assuntos Econômicos e Monetários da União Européia, Joaquin Almunia, declarou que retração dos EUA não deve atingir diretamente o crescimento da zona do euro. Ele admitiu que a queda nas bolsas européias ontem mostraram “que os mercados estão considerando a possibilidade de uma desaceleração mais pronunciada, possivelmente, uma recessão, nos EUA”. Entretanto, disse, a UE não está tão vulnerável quanto no passado. “No passado, nossas economias eram mais dependentes da dos EUA”, disse Almunia.



O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, advertiu ontem que a situação econômica mundial é “séria”, por causa dos efeitos da desaceleração americana, e que isso pode ter impacto sobre as economias dos países emergentes.



“A situação é séria. Todos os países do mundo estão sofrendo com a desaceleração do crescimento dos EUA”, disse Strauss-Kahn. “Não é impossível que mesmo nos países emergentes isso tenha um certo efeito e que o crescimento seja menor do que esperado.”



O diretor do Fundo afirmou que a queda nas bolsas de todo o mundo sugere que os investidores estão duvidando da eficácia do plano de estímulo do presidente americano. “Os mercados parecem não ter gostado do pacote apresentado pelo presidente Bush”, disse Strauss-Kahn.



Fonte: Valor Econômico