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Brasil encabeça nova reunião para destravar Rodada de Doha

Brasil, Estados Unidos, União Européia, Índia e outros países-chaves da Rodada de Doha concordaram em realizar uma reunião de ministros em março ou abril, em Genebra, para barganhar um eventual esboço de acordo agrícola e industrial. Se houver enfim enten

Se de novo uma reunião ministerial fracassar, o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, sugere, então, um “enterro correto” da negociação global. Para ele, isso significa “extrair os elementos interessantes já negociados, pois seria criminosos sacrificá-los”. São os casos da facilitação de comércio (redução de barreiras burocráticas, por exemplo, nas aduanas) e das medidas de apoio ao comércio dos países mais pobres.



Após reunião de mais de 20 ministros no último sábado (26) em Davos, o ministro brasileiro Celso Amorim afirmou manter uma dose de otimismo porque “as diferenças entre ricos e pobres não são tão grandes em termos de números, algumas vezes eles são maiores politicamente do que em termos econômicos”.



Para Amorim, a crise financeira representa “uma janela de necessidade” para concluir Doha. Já o ministro de comércio do Egito, Rachid Mohamed Rachid, foi cético: “Cada ano repetimos que se Doha não se concretizar o mundo vai piorar, e cada ano o mundo está ainda melhor”.



G-8



Além de estar à frente das negociações para a retomada da Rodada de Doha, o Brasil também manifestou, durante a reunião em Davos, que terá um posicionamento diferente em relação ao G-8, grupo das nações mais industrializadas do mundo.



De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, o Brasil já avisa na cena internacional que este ano só irá à reunião de cúpula do G-8 se o formato para sua participação refletir a nova realidade de poder dos emergentes.



De acordo com o jornal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria comentado com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, que se recusa a comparecer só para “comer a sobremesa dos ricos” – ou seja, sem capacidade de influência.



Celso Amorim disse recentemente que o Japão, que organiza o encontro do G-8, de 7 a 9 de julho, indicou que pretende convidar o G-5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul), mas sem detalhar até agora em qual formato. “Já dissemos a nossa condição para participar”.



Boa vontade



Nos últimos anos, os cinco grandes emergentes foram convidados para uma pequena parte da cúpula, por iniciativas de França, Inglaterra e Alemanha. Isso depende de fato da boa vontade de quem organiza o evento. Quando foi sua vez, os EUA fecharam a porta para os emergentes.



A Alemanha, sob a liderança de Ângela Merkel, deflagrou um diálogo permanente com o G-5, para integrá-lo mais na governança global. Recentemente, foi criado um secretariado na OCDE, sob a direção de um funcionário alemão, para os dois grupos tratarem de quatro temas de atualidade da cena econômica mundial: investimentos, energia, inovação e desenvolvimento. Os países emergentes terão mais voz, mas também terão mais responsabilidades.



A precaução do Brasil sobre sua participação no banquete dos ricos deve-se ao quase desastre diplomático ocorrido na reunião do G-8 na Alemanha, no ano passado, justamente quando Merkel lançou a iniciativa para integrar mais os emergentes.



Antes mesmo da reunião entre os dois grupos, a Alemanha divulgou as conclusões do encontro, sem levar em conta as posições dos emergentes. Isso causou enorme mal-estar e desconfiança, sobretudo porque no centro do debate estava a questão da responsabilidade de cada um no combate ao aquecimento do planeta, que tem a ver com competitividade econômica, desenvolvimento e transferência de tecnologia.



Em Davos, o primeiro-ministro japonês Yasuo Fukuda não abordou como vai organizar o encontro de cúpula do G-8. Mas informou que o foco central de sua agenda será o combate às mudanças climáticas. Para isso, anunciou um fundo japonês de cinco anos com US$ 10 bilhões para ajudar países em desenvolvimento nesse setor.



Da redação, com informações do Valor Econômico