Adalberto Monteiro: “Luta pela reformas demanda unidade”
O ano de 2008 marca a retomada da ação coesa dos principais partidos da esquerda e do campo progressista em torno de cinco reformas democráticas fundamentais para colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento. O ato inaugural, dia 20 de fevereiro, em Brasíl
Publicado 26/02/2008 19:59
“Nós, entidades promotoras deste evento, a Fundação João Mangabeira, do PSB, representada pelo seu presidente Carlos Siqueira, a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini do PDT, representada pelo seu presidente Manoel Dias, a Fundação Maurício Grabois do PCdoB, por nós representada, a Fundação Republicana Brasileira, representada por Jaquelina Nascimento, e a Fundação Perseu Abramo, do PT, representada pelo seu presidente, Ricardo de Azevedo, concebemos este ato pelas reformas democráticas, que se realiza com o apoio das lideranças das bancadas de nossas legendas da Câmara e do Senado, a partir da convicção de que as reformas democráticas – a política, a tributária, a urbana, a agrária, a da educação, entre outras – são uma necessidade para ampliar e fazer avançar as conquistas democráticas do governo do presidente Lula e, ao mesmo tempo, são uma exigência da luta política em andamento no Brasil.
Agradecemos a presença de todos: deputados, deputadas, senadores, senadoras, autoridades do governo da República e de outras instâncias de governo, lideranças do movimento social e popular, dirigentes e militantes de nossos partidos, o povo aqui presente.
A trajetória da luta pela democracia no país é parte integrante do itinerário de mais de cinco séculos que forjou o Brasil e os brasileiros. A resultante que se apresenta neste início de século 21 é uma pátria relevante no cenário internacional, pujante de riqueza – é a 10ª economia do mundo –, mas ainda profundamente marcada pelas desigualdades sociais e pelas assimetrias regionais.
Esse percurso contraditório nos legou um patrimônio imaterial valioso: formou-se em grandes parcelas do povo a convicção de que a democracia, além da liberdade política, abarca o direito do povo a uma vida digna, num país soberano e desenvolvido.
O presidente Lula vence em 2002 e se reelege em 2006 com programas derivados dessa concepção de democracia. Pode-se afirmar, transcorrido pouco mais de um ano do segundo mandato, alicerçado em números das estatísticas e em dados “da vida”, que a democracia avançou no país nos últimos cinco anos, tanto no seu conteúdo político quanto social. Além do que a soberania nacional, base elementar da própria existência de uma nação, desde 2003 se fortalece e se refaz das mutilações provocadas pela subserviência da era FHC.
Porém, a construção da democracia é um processo que exige conquistas progressivas. Cada estágio alcançado possibilita e demanda novos avanços.
Estamos convictos de que, alicerçado e impulsionado pelas conquistas já auferidas pelo governo do presidente Lula, o Brasil pode ir além, ir mais longe. Mas para isso, teremos que remover as pedras que se encontram do meio do caminho da construção de um país soberano, democrático, socialmente justo e desenvolvido. As reformas são para libertar nosso país dessas amarras que obstruem, dificultam as mudanças que o processo democrático requer. São indispensáveis para enfrentarmos e superarmos paulatinamente as desigualdades sociais, as distorções do sistema político e as disparidades regionais.
Escolhemos a Câmara dos Deputados para realizar este primeiro ato da esquerda brasileira e de outras forças progressistas pelas reformas democráticas porque as reformas para vingarem terão que aqui serem debatidas e aprovadas.
As reformas dependem da coesão e da ação dos partidos de esquerda e demais forças democráticas, as reformas dependem da mobilização do povo, da luta de seus movimentos e entidades.
A luta pela reformas demanda uma unidade em torno de seus conteúdos, por isso realizaremos a partir do mês próximo, no auditório Freitas Nobre, desta Casa, um ciclo de debates no qual iremos, discutir o conteúdo de cada uma delas, começando com a reforma política e tributária no dia 26 de março.
A luta pelas Reformas torna-se ainda mais importante quando o governo se vê sob o bombardeio de mais uma ofensiva da direita neoliberal e da mídia com objetivo de imobilizá-lo e desgastá-lo.
A luta pelas Reformas ajudará demarcar os campos.
De um lado, a esquerda, as forças democráticas, patrióticas, os movimentos sociais, que querem debater idéias, desvendar caminhos, para o Brasil ir adiante na construção de sua democracia.
De outro, a oposição neoliberal e os setores da mídia que estão ao seu serviço, que insistem em impor com artificialismo e manipulação dos fatos uma pauta negativista e uma ação política destrutiva mesmo quando isso é extremamente danoso ao Brasil e ao povo, como aconteceu agora, quando disseminaram uma epidemia de febre amarela que não existiu e um apagão enérgico que se afagou nas chuvas do verão, ou quando irresponsavelmente, entremeio a uma crise da economia mundial, acabaram com a CMPF.
A luta pelas reformas democráticas, estamos convictos, ajudará o Brasil vencer, contribuirá para obter conquistas ainda maiores e o governo Lula a proporcionar realizações ainda maiores.
Muito obrigado”.