Lula explica a operários por que “não pode errar”
Em discurso para operários metalúrgicos do Rio de Janeiro nesta terça-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “não pode errar”, porque “quando eu sair da Presidência da República, não vou para Paris ou para Londres, eu vou voltar para
Publicado 26/02/2008 20:57
O encontro ocorreu no canteiro de obras do complexo siderúrgico ThyssenKrupp CSA, instalado no Distrito Industrial de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro. Estavam presentes altos executivos da multinacional alemã, como o seu presidente, Karl-Ulrich Köhler, mas o grosso do público era formado por milhares de operários. Lula, à vontade, distribuiu cumprimentos e explicou porque, em nome da classe, não pode errar.
Lembranças de sindicalista
“Qualquer governante deste país pode errar. Se ele errar, depois ele vai sair do governo, vai passar oito meses na Europa estudando, vai dar aula não sei onde e depois entra outro que erra. Eu dizia: eu não posso errar. Por que eu não posso errar? Porque eu tenho consciência de que, ao deixar a Presidência da República, os meus amigos verdadeiros são o conjunto dos trabalhadores brasileiros, que me ajudou a chegar à Presidência da República”, afirmou.
E mais adiante: “Quando eu sair da Presidência da República, não vou para Paris ou para Londres, eu vou voltar para São Bernardo, morar a 800 metros do Sindicato (dos Metalúrgicos do ABC, que ele presidiu três décadas atrás). E recordou p tempo “em que eu fazia assembléias na porta das empresas no ABC, às 5 horas da manhã, para 40 mil pessoas na porta da Volkswagen, para 20 mil na porta da Ford, para 18 mil na porta da Mercedes”.
O mais versátil e critaivo
Lula assegurou ao “nosso companheiro Köhler” que “não existe, na face da Terra, trabalhador mais versátil e mais criativo do que o trabalhador brasileiro” e que “esse é o maior patrimônio”. “Eu tenho depoimentos às dezenas, de empresários estrangeiros, que depois de estarem funcionando no Brasil por dois ou três anos, me dizem textualmente, empresas que têm 157 plantas espalhadas pelo mundo, algumas alemãs, inclusive: 'De todas as plantas que a gente tem no mundo, o trabalhador mais criativo e o mais produtivo é exatamente o trabalhador brasileiro'”, relatou.
Considerada uma das maiores produtoras de aço do mundo, a ThyssenKrupp Steel participa da siderúrgica no Rio com 90% dos recursos. A Vale do Rio Doce, responsável pelo fornecimento de minério de ferro, entra com 10%. O valor do empreendimento é de R$ 8 bilhões, sendo R$ 1,48 bilhão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Mídia se concentrou na “porrada”
A cobertura dos grandes portais de notícias na internet se concentrou, em ordem unida, em um trecho onde o presidente usou o termo “porrada”. O Dicionário Houaiss indica que se trata de um “regionalismo” de “uso informal”, mas também “tabuísmo”, significando “pancada, bordoada”.
Lula empregou o termo ao anunciar que visitaria o Complexo do Alemão e defender que, para combater o crime não basta fazer intervenções policiais. “Se porrada educasse as pessoas, bandido saía da cadeia santo. O ser humano vive à procura de oportunidades, se o Estado não oferece, se as empresas não oferecem, se as prefeituras não oferecem, o crime organizado oferece, a bandidagem oferece”, disse o presidente.
Da redação, com agências