Secretaria da Educação fecha 104 escolas no RS
A reorganização da rede estadual de ensino proposta pela Secretaria de Educação (SEC) já resultou, até agora, na extinção de 104 escolas e no fechamento de 2139 turmas. De acordo com dados da SEC, houve redução de 12,8% no número de turmas em relação a
Publicado 26/02/2008 22:33 | Editado 04/03/2020 17:12
O diretor-geral da secretaria de Educação, Ervino Deon, afirma que esse trabalho de reorganização vai mostrar que não faltavam professores na rede pública, e sim que eles estavam mal distribuídos. Segundo ele, a estrutura física também vinha sendo mal aproveitada, já que muitas escolas contavam com apenas 4 ou 5 estudantes.
“A organização do ano letivo 2008 visa ao melhor aproveitamento dos recursos humanos, a estrutura física e buscar atendimento a todos os alunos”, diz.
Deon também explica que a distribuição dos alunos em sala de aula respeita os parâmetros do Conselho Estadual de Educação, que determina que deve haver um número mínimo de estudantes em cada turma.
De acordo com o levantamento da SEC, o município de Jaguari, na região de Santa Maria, foi o mais atingido pela medida, tendo quatro escolas rurais fechadas. A secretária de Educação da cidade, Maria do Carmo Conterato Rosa, confirma que as escolas tinham poucos estudantes. Uma delas chegava a ter somente um aluno matriculado. No entanto, Maria do Carmo mostra preocupação com a questão pedagógica, já que a previsão é de que, no Ensino Médio, possam ter 45 alunos em cada classe.
“A gente acha que fica muito aluno na sala de aula. Para fazer um bom trabalho, poderia ter um pouquinho menos de alunos. Isso é o aspecto pedagógico em relação à qualidade”, explica.
Entre as coordenadorias regionais, a região de Santa Rosa desponta como a que mais vai ter escolas fechadas, um total de 27. Na avaliação do diretor do 10º Núcleo do Sindicato dos Professores Estaduais (Cpers/Sindicato) em Santa Rosa, Aládio Kotowski, o governo foi autoritário ao decidir pela extinção das escolas sem consultar a comunidade. Além disso, ele acusa as Coordenadorias Regionais de Educação de tirarem a autonomia das escolas, ao elaborarem sozinhas as listas de turmas.
“É tudo de cima para baixo, não há diálogo, a forma arbitrária como vem sendo abordada uma questão tão cara para nós como é a educação. Não há construção de nada, muito pelo contrário. Apenas um amontoamento crianças”, argumenta.
Para Kotowski, a falta de alunos nas escolas, principalmente as localizadas no interior, não pode ser uma justificativa para o seu fechamento. Segundo ele, o Estado deve estudar uma forma de manter esses locais, que são importantes para a comunidade.
O educador denuncia, ainda, que muitos professores que lecionavam nas escolas fechadas não encontraram, até agora, um novo local para trabalhar. Além disso, muitos pais estão apreensivos, sem saber qual vai ser a nova escola dos filhos.
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