Comunidade negra reage à demolição de Terreiro de candomblé

Arbitrária, desrespeitosa e inaceitável. Assim a comunidade negra de Salvador reagiu à demolição de parte do Terreiro Oyá Unipó Neto, no bairro do Imbuí, na última quarta-feira, pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo (Sucom). Na ma

A presença de Kátia Karmelo no encontro foi questionada pelo povo de santo do Terreiro Oyá Unipó Neto, que não aceitou negociar com a autora da ordem de demolição. Após a retirada da superintendente, as negociações avançaram e os secretários de Governo e da Reparação prometeram restituir o que foi derrubado e procurar na comunidade um outro local para realocar o Terreiro, o mais breve possível.



Apesar da promessa, está mantida uma vigília que começa a partir das 20h. Na  próxima terça-feira, a reunião da comissão especial de promoção à igualdade, da Assembléia Legislativa terá o tema como pauta. Além disso, organizações do movimento negro planejam fazer um manifesto nas ruas de Salvador. O conselheiro da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Marcos Rezende, prepara relatório para encaminhar à secretaria.



Inconstitucional



Parte do Oyá Unipó Neto foi  demolido, na quarta-feira, por técnicos da Sucom com ordem da superintendente Kátia Carmelo, sem que fosse apresentada documentação oficial ou permitida a retirada de objetos pessoais e sagrados do templo. O órgão afirmou que desde 1994, tenta negociação para desocupar o espaço porque o terreiro é construído em área irregular.



A demolição foi considerada  inconstitucional e arbitrária pelo coordenador do grupo de atuação especial de combate à discriminação racial do Ministério Público (MP),  promotor de Justiça, Almiro Sena. O promotor afirmou que, mesmo que exista procedimento administrativo legal para a demolição, a ação foi inconstitucional por não respeitar os direitos fundamentais do indivíduo (Artigo 1º da Constituição Federal).



A mãe-de-santo do terreiro, Rosalice do Amor Divino, conhecida como Mãe Rosa,  vizinhos e representantes de entidades prestaram depoimento, ontem, no MP que vai apurar as circunstâncias da demolição.  O MP vai investigar a legalidade do ato, que é apontado por Mãe Rosa como conseqüência da especulação imobiliária, por se tratar de área em crescimento na cidade. Kátia Carmelo também  será convocada a prestar novos esclarecimentos.



De Salvador,
Eliane Costa