Homenagem às mulheres no Congresso une emoção e histórias de luta
Beijos, lágrimas, música, rosas e histórias de luta compuseram a sessão solene em homenagem às mulheres realizada nesta terça-feira (11) pelo Congresso Nacional. Cinco mulheres foram escolhidas para receberem o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz. E duas
Publicado 11/03/2008 16:48
O Diploma Bertha Lutz, criado em 2001, premia mulheres que contribuíram para a defesa dos direitos femininos.
A ex-deputada Jandira Feghali, do PCdoB do Rio de Janeiro, foi uma das homenageadas. Ela foi lembrada como uma das mulheres parlamentares – cumpriu quatro mandatos de deputada federal – que atuou em defesa da saúde, a favor dos direitos humanos e contra a discriminação das mulheres.
“Nossa homenageada assumiu a luta pelo empoderamento das mulheres e da sociedade historicamente discriminada e “incivilizada” e continua a contribuir para ampliar a consciências das mulheres como cidadã e garantir sua participação política”, disse a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que coordenou a solenidade, acrescentando que “a Lei Maria da Penha se deve ao seu inequívoco esforço”.
Jandira – que recebeu a homenagem das mãos da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) e deputada Cida Diogo (PT-RJ) – disse, em breves palavras, que “o Prêmio não é meu, é nosso, pois eu tenho que dividir com minha mãe e meus filhos, que afirmam diariamente a magia da maternidade e me desafiam a educá-los com valores de igualdade e solidariedade, dividir com todas vocês parlamentares, com as entidades, com as mulheres do povo e junto com meu Partido – o PCdoB – que tem uma posição avançada emancipacionista e me ajuda a uma trajetória que hoje me traz aqui”.
As outras homenageadas foram a parteira Maria dos Prazeres, a aeromoça Alice Klaus, a geneticista Mayana Zatz e a líder feminista Rose Marie Murado, que faltou à solenidade por problemas de doença e foi representada pela ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Em defesa das pesquisas
Mayana Zatz destacou a oportunidade da homenagem no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) discute a constitucionalidade do item da Lei de Biossegurança que permite pesquisas com células-tronco. “É muita emoção receber esta homenagem no momento em que batalhamos para que sejam definitivamente aprovadas as pesquisas com células-tronco embrionárias. Para mim é muito especial estar nesta Casa, onde a lei foi aprovada, pela primeira vez, por 96% dos Senadores.
No início do evento, que durou mais de três horas, houve apresentação do rap ''Rosas'', interpretado pelo grupo Atitude Feminina, de São Sebastião, no Distrito Federal. Na canção, as intérpretes lembram os casos de violência contra as mulheres, enfatizado no refrão que diz: “Hoje meu amor já não me bate mais/ eu posso descansar em paz”, em referência aos casos de violência crescente, que começa com espancamentos e termina em morte.
Na abertura da solenidade, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP) discursaram. Os dois destacaram a qualidade do trabalho realizado pelas mulheres no Parlamento e no Executivo, embora reconheçam a baixa representação feminina nas instâncias de poder em relação à população feminina no País, que é de 51% da população.
Companheiras de cela
Além dos presidentes das duas Casas, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, também falou. Ela, a exemplo dos outros dois, fez uma referência elogiosa a cada uma das homenageadas, ressaltando que todas ''representam a competência da mulher brasileira nas diversas áreas do conhecimento''.
Dilma agradeceu a oportunidade de falar para fazer depoimento sobre a advogada Terezinha Zerbini, com quem esteve presa durante dois anos na época da ditadura militar. Ao terminar o depoimento, a ministra embargou a voz, silenciando o público. Até o presidente do Senado demorou para perceber que o discurso havia terminado. Foi preciso a ministra avisar: “Terminei”.
Foi ela quem entregou o prêmio à Terezinha, descendo até a platéia onde estava sentada a homenageada, com 86 anos. O senador Eduardo Suplicy adiantou-se para apanhar um microfone no qual Terezinha disse à Dilma: “Esta é a mulher mais corajosa, mais competente, mais inteligente e mais generosa”, acrescentando que “Deus quer quando a mulher quer. Vamos querer”.
A ministra também ouviu palavras de alusão à sua candidatura à Presidência da República. O presidente do Senado, Garilbaldi Alves, ao fazer referência ao seu trabalho na Casa Civil, disse que “ela vai avançar mais”.
O Dia Internacional da Mulher foi instituído em 1975, pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), para reverenciar episódio ocorrido nos Estados Unidos, em 1857, quando 129 operárias de uma fábrica têxtil morreram carbonizadas num incêndio, no momento em que faziam greve por melhores condições de trabalho.
De Brasília
Márcia Xavier